30/06/2014 - VINTE ANOS DO REAL



Amanhã faz vinte anos do lançamento do Plano Real. Ou seja, a primeira reforma monetária da economia brasileira que deu certo, depois de trinta anos de várias moedas indexadas no País. A nova moeda, o real (R$) surgiu em cenário de desindexação. Entre 1995 a 2013, a inflação brasileira alcançou 275,4%, representando uma taxa média anual de 7,2%, acima da expectativa do Conselho Monetário Nacional (CMN) de 6,46% para este ano. O CMN é órgão criado há 50 anos, pelo regime militar autoritário em 1964. É órgão que foi preservado pelo governo Sarney de transição (1985-1989) e pela democracia instalada em 1990. Ele é formado por três autoridades: o ministro da Fazenda, o ministro do Planejamento e presidente do Banco Central, que, claro, é a linha mestra da política monetária ao fixar de um ano para outro a meta de inflação com viés de alta e de baixa. Atualmente, o centro da meta é de 4,5% com viés de 2% de um lado e de outro. Há aproximadamente dez anos, foi atingida a menor taxa de inflação brasileira, em 2004, de 3,1%. Daquela época para cá o governo vem perseguindo acima de 4% de meta certeira. Deveria ter fixado o centro da meta em 3%. Entretanto, não o fez. Propondo 4% e 4,5% de 2004 para cá, o CMN não conseguiu atingir os objetivos, resvalando a inflação para acima do centro da meta mais o viés de alta. A inflação média de 7,2%, entre 1995 a 2013, é inflação similar a muitos países do terceiro mundo (pobres) e o baixo crescimento da economia é similar aos países do primeiro mundo (ricos). Nessa situação o Brasil se apresenta como país do segundo mundo (emergente ou de renda média), que cresce baixo e muda lentamente suas instituições.
O economista Alex Agostini, da Austin Rating, cruzou os dados de 32 países, Brasil incluído, sendo a inflação brasileira a sétima mais alta, cujo crescimento econômico vai para a média de 20 anos para 3%, estando em 15º lugar na lista dos 32. Ele sintetiza o problema estrutural brasileiro pelo chamado custo Brasil. Basicamente, o custo de produzir-se aqui é muito elevado, cuja maior representação está na logística com transportes. Isto é, estradas esburacadas e faltantes de pavimentação, portos caóticos, aeroportos deficientes, mobilidade urbana insuficiente, dentre outras mais de 12 mil obras do PAC inacabadas, custosas devido aos sobrepreços identificados pelo Tribunal de Contas da União, dentre outros problemas econômicos da infraestrutura nacional. Agregue-se a essas dificuldades as de não terem aqui sido feitas as reformas econômicas, à semelhança de países que as fizeram, tais como o Chile, a Colômbia e o Peru, latinoamericanos que crescem acima de 4% ao ano e de baixa inflação.

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