04/06/2014 - PIB RAQUÍTICO
Cabe ao IBGE o cálculo econômico
mais importante, que é o do Produto Interno Bruto (PIB), expressão de tudo que
é produzido no País e não revendido. O IBGE calcula o PIB trimestralmente,
divulgando-o depois de quase três meses de cálculos para aproximá-lo o mais
próximo da realidade. Na composição de quatro trimestres se tem a maior
expressão que é o PIB anual. Referidos cálculos se fazem com margens reduzidas
de erros estatísticos, não havendo contestações deles, visto que, convencionalmente,
a pesquisa permite erro de até 2,5% de cada lado da curva normal (erro máximo
de 5%). As pesquisas de grandes institutos, tais como IBOPE, VOX POPULI, dentre
outros, toma 2% de cada lado, ouvindo cerca de 2.000 pessoas. Na história do
IBGE os resultados permitem revisões de dados do universo coletado, até um ano,
tal como a do PIB do ano passado de 2,3%, ajustado para 2,5% ou da revisão
anteriormente realizada do PIB de 0,9% para 1% em 2012. Mas, depois cessam, no
intervalo referido de um ano. Geralmente, a revisão tem sido um pouco para
cima, à semelhança de quando um aluno argumenta a resposta de sua prova, que
pode subir um pouco mais. Ninguém questiona revisão para menos.
Nesta primeira semana de junho o
IBGE apresentou o cálculo de 0,2% do PIB do primeiro trimestre. Anualizado ele
iria para 1,2%. Também nesta semana, os cem analistas econômicos consultados
pelo Banco Central, cujos resultados constam do boletim FOCUS, mais uma vez a
previsão deles recuou para o PIB anual de 1,5%. No sentido da estatística do
IBGE, o PIB está mais em direção a 1% do que ultrapassar 1,5%. Quando se toma
2011 com PIB de 2,7; 2012 de 1,0%; 2013 (revisto), de 2,5%; bem como o
“otimista” para este ano do BC de 1,5%, o PIB médio anual crava 1,93%; se
tomado o “pessimista” de 1,0%, o PIB médio projetado é de 1,8%. Trata-se de um
fraquíssimo desempenho. Muito pior do que a média da era FHC de 2,3%, quando
ele enfrentou ataques especulativos, tendo de recorrer ao FMI. Assim como menos
da metade dos oito anos da era Lula, que foi de incremento médio de 4% ao ano.
Toda vez que um governo tem
desempenho ruim, ele procura mudar a metodologia técnica do IBGE, para uma
metodologia política. Na ditadura até eles tiveram êxito na manipulação do
cálculo da inflação, visto que usaram dados da FGV para a inflação. Mas não do
PIB do IBGE. Isso também nenhum governo conseguiu. Agora mesmo, o governo Dilma
tentou suspender a divulgação trimestral do desemprego, indicador obtido pela
PNAD Contínua. Em democracia isto é quase impossível. O IBGE ingressou em
greve, pela tentativa de manipulação, em razão das próximas eleições, tendo
ainda 22% do seu quadro paralisado, em protesto. Os dados vão continuar sendo
divulgados. A PNAD Contínua mostra alto desemprego, acima de 7%, quando o governo
afirma que é de 5%, usando indicador do Ministério do Trabalho, chegando ao
ponto de alguns eufóricos afirmarem que a economia brasileira está em pleno
emprego. Grande mentira. A propósito, o artigo de amanhã é sobre desemprego.
Comentários
Postar um comentário