20/06/2014 - INDÚSTRIA – MAIS DO MESMO


Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), pelo sétimo mês consecutivo o indicador de Sondagem Industrial permaneceu abaixo dos 50 pontos. Indicador que varia teoricamente de zero a cem. Para a CNI isto representa quadro de “grande dificuldade”, estoques indesejados e queda no nível de emprego. Por seu turno, a utilização da capacidade instalada ficou em 71%, em maio, mesmo patamar de abril, a dois pontos percentuais abaixo do registrado no mesmo mês de 2013. A grande ociosidade revela grande desperdício, ineficiência, altos custos e baixa confiança na economia e no governo.

Na medida em que se aproximam as eleições, a equipe econômica fez reuniões com empresários, durante o Fórum Nacional da Indústria, prometendo tomar medidas de estímulos e de tentar reverter a falta de confiança no governo. Assim, continua prorrogando incentivos. Isto é, mais do mesmo. Não tem coragem de alterar a política econômica e colhe frutos bisonhos. Há poucas semanas prorrogou a desoneração da folha de pagamentos para 61 segmentos produtivos. Nesta semana anunciou estímulos à produção também mediante prorrogação do Programa de Refinanciamento de Débitos (REFIS), a volta do Programa Reintegra, no qual a União devolve créditos tributários para os exportadores, a renovação do Programa de Sustentação de Investimentos do BNDES, o qual foi criado para estimular investimentos, para enfrentar os efeitos recessivos de 2009, além de um projeto de lei para favorecer a indústria farmacêutica e de cosméticos, quer desenvolvem produtos com patrimônio genético nacional e normas e segurança do trabalho, principalmente para a operação de máquinas, visto que os empresários tem alegado que as atuais normas elevam o custo da mão de obra e aumentam as possibilidades de conflitos na Justiça do Trabalho.

Ademais, reconhecendo parcialmente que o chamado custo Brasil, isto é, principalmente o custo de logística com transportes, permitirá doravante que as empresas que vendam produtos indústrias aos governos o possam fazer com 25% a mais em relação aos concorrentes internacionais. A medida seguramente gerará protestos e processos, objetivando retirar a medida anunciados para fazê-los junto à Organização Mundial do Comércio (OMC). Além do mais, deixará determinados segmentos indústrias ineficientes e muito pouco competitivos internacionalmente.

Dessa maneira, observa-se nos governos do PT o anúncio antecipado de várias medidas, sendo a movimentação muito maior do que a distância percorrida. “E o conceito de administração-teatro: elege-se uma “causa”, investe-se maciçamente em comunicação, seja através da avalanche de discursos presidenciais, seja através de publicidade institucional, e, antes de expor à Nação os resultados concretos de tanta pirotecnia, elege-se outra “causa”, que passa a ser obstinadamente perseguida” (A Política Externa do Brasil, Presente e Futuro, Senado Federal, Brasília, 2009). Sem dúvida, devido às medidas de estímulos ao crédito e ao consumo e às excelentes condições externas, “a administração-teatro” deu certo na chamada era Lula. Porém, no mandato atual da presidente Dilma, as medidas tomadas por Lula para o consumo e crédito praticamente estão esgotadas, as condições externas não são boas e as bases do tripé econômico, adotado por FHC, mantido por Lula e por Dilma, com ela, tem se deteriorado, visto que (1) a inflação persiste em romper o sistema de metas; (2) o câmbio flutuante está valorizado e não permite estímulos às exportações; (3) o superávit fiscal tem minguado e tem sido maquiado pela “contabilizada criativa”.

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