29/06/2014 - SUPERÁVIT PRIMÁRIO
O superávit primário é a
diferença entre receitas do Tesouro menos custos do governo. As receitas do
Tesouro são aquelas obtidas de arrecadação de tributos, de dividendos das
estatais e de vendas de ativos. Os custos do governo são de custeios e de investimentos.
O que a União promete é ter saldo positivo entre receitas e custos, o chamado
superávit primário. Isto se vem praticando pelo menos desde 1994, data do Plano
Real, que estabilizou a economia e gerou confiança internacional. Referido
superávit é destinado a pagamento de parte dos juros da dívida pública, a qual
quase sempre na história vem sendo rolada em parte de juros e em parte de
principal. Acontece que, desde 1994, o governo vinha prometendo ter 3% do PIB
como superávit primário, visando obter o grau de investimento relativo ao
cumprimento de obrigações contratuais, principalmente do pagamento dos
vencimentos da dívida pública. Obteve o grau de investimento em maio de 2008.
Contudo, os 3% vem sendo diminuído nos últimos anos, como perspectiva de superávit
primário. Para este ano, o governo fixou 1,9% do PIB do citado superávit. Logo,
isto corresponderia a cerca de R$99 bilhões. Dadas as três variáveis referidas,
o PIB brasileiro mirado foi de R$5,211 trilhões, ao câmbio de R$2,00 por dólar
médio de 2013, seria de US$2,605 trilhões. A renda per capita em 2013 (R$5,211
trilhões divididos por 200 milhões de habitantes) alcançou aproximadamente R$26
mil, dividido por 13 salários, grosso modo seria de R$2.000,00 mensais.
Olhando a política econômica deste
ano, relativo à política fiscal, foi divulgado dia 27 deste mês que, em maio, a
União obteve déficit de R$10,5 bilhões. É o pior resultado para o quinto mês do
ano desde o início da série histórica, em 1999, sendo também o pior resultado
mensal desde dezembro de 2008, quando o Brasil estava em recessão. O superávit
primário acumulado nos cinco primeiros meses de 2014 é de 42% menos do que o
registrado no mesmo período e 2013, ano em que ele foi fechado com a chamada
contabilidade “criativa” do Tesouro (antecipando receitas). O superávit
primário de janeiro a maio é de R$19,158 bilhões. Isto é, praticamente 19% do
prometido, sendo cinco meses correspondentes a 42% do ano. Quanto à política
monetária, o Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central, divulgado nesta
semana, admite que sejam ultrapassados os 6,5% de inflação em 2014 (4,5% do
centro da meta + 2% de viés de alta). Quanto à política cambial, o câmbio se
mostra muito apreciado, prejudicando as exportações brasileiras. Por fim, a
enquete semanal que faz o próprio Banco Central, ao consultar semanalmente 100
credenciados analistas financeiros, vem reduzindo a projeção, paulatinamente, desde
janeiro, de 3% para 1%, do crescimento do PIB para este ano.
Em suma, não é difícil acreditar,
infelizmente, que este poderá ser o pior ano do governo Dilma, justamente no
ano em que ela se candidata à reeleição.
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