09/06/2014 - CUSTOS DE COMPETITIVIDADE
Segundo o presidente mundial da
consultoria americana Boston Consulting Group (BCG), Rich Lesser, em entrevista
à revista Exame, desta quinzena, o custo médio industrial brasileiro subiu 25%
em dez anos. Devendo-se isto ao aumento dos salários com crescimento real, à
elevação do custo de vida, ao câmbio valorizado e aos maiores custos de
energia. Para ele: “As empresas brasileiras são ótimas. Algumas das melhores
indústrias do mundo estão aqui. Mas, como os custos subiram, elas terão de
fazer investimentos significativos em produtividade se quiserem se
diferenciar... inovação, qualidade e capacidade de compreender o cliente... O
Brasil cumpriu uma longa jornada até se tornar uma economia de renda média e o
setor industrial foi fundamental para isso. Mas, o que a experiência
internacional mostra é que no estágio seguinte, quando as economias de renda
média se tornam ricas, os serviços passam a desempenhar um papel mais
importante. Portanto, a indústria no Brasil não deve ser tão relevante como era
no passado”.
O recado está dado de forma
correta, visto que é o setor de serviços que tem participação crescente nos
países avançados. Por isso mesmo, se a indústria não quiser perder posição terá
de ter incrementos de produtividade.
A consultoria do
BCG analisou o ambiente dos negócios dos 25 maiores exportadores do mundo,
Brasil, China, Estados Unidos então incluídos. Em conclusão, os consultores
perceberam que o mundo se tornou um lugar muito mais homogêneo, embora a China continue
a ser o lugar mais barato para se produzir. Enfim, as indústrias têm
oportunidades em várias partes do mundo, não somente na China.
Em resumo, a participação da
indústria no PIB, que já esteve em 28%, em 1985, atualmente está em 16%, mesmo
nível de 1956. Claro, qualitativa e quantitativamente bem diferentes. A
indústria principalmente neste século vem cedendo lugar ao agronegócio, hoje
mais de 20% do PIB. A agricultura toda alcança 30% do PIB. Há espaço para o
agronegócio crescer ainda mais. Por exemplo, as receitas com as exportações
foram em 2013 de US$242 bilhões, tendo o agronegócio brasileiro exportado cerca
de US$100 bilhões. A propósito, somente em 2013 as exportações voltaram ao
nível das exportações de 2008, data do primeiro mergulho da crise capitalista
mundial, o que denota que o setor exportador brasileiro está estagnado, mas o segmento
que mais cresce no comércio internacional é o agronegócio. E, assim, parece que
continuará crescendo.
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