28/06/2014 - CURTO E LONGO PRAZO EM ECONOMIA




A política econômica de curto prazo é baseada em três vertentes: política monetária, política cambial, política fiscal. O curto prazo é até um ano. No Brasil, após a estabilidade de 1994, mediante o Plano Real, a política monetária ancorou-se na nova moeda, o real, perante um sistema de metas de inflação. Tem dado relativamente certo, considerando já vinte anos. Porém, a inflação ameaça constantemente ultrapassar o centro da meta mais o viés de alta (4,5% + 2,0% = 6,5%). O governo vem comprimindo a inflação via represamento dos preços administrados principalmente de energia elétrica e de combustíveis. A política cambial ancorou-se no câmbio flutuante, isto é, de mercado, mas com a intervenção “suja” do Banco Central, vale dizer, comprando, quando a oferta é maior do que a procura de dólares; vendendo, quando a demanda é maior do que a oferta de dólares. Funciona bem, auxiliar no combate à inflação importada, que participa de cerca de 30% do índice inflacionário oficial. Porém, prejudica a indústria brasileira, que vem diminuindo de tamanho na participação do PIB. A política fiscal é a de obter superávit primário com o fito de pagar pelo menos parte dos juros da dívida pública. Esta tem se deteriorado, visto que o superávit primário tem sido reduzido e o governo federal vem o maquiando, com a chamada contabilidade “criativa”. 

A política econômica de longo prazo é baseada na existência do ciclo econômico. Movimentos longos na curva, de altas e baixas. Vale dizer, o planejamento estratégico é de procurar estender ao máximo o trecho de crescimento no tempo, a mais alta taxa possível; assim como diminuir o mínimo que possa o trecho de queda do produto e da faixa recessiva. Aqui reside o maior problema desde 1979, o Brasil daquela época para cá, não conseguiu reintroduzir o planejamento estratégico, tendo plano global de quatro anos ou mais, conforme realizou no período de 1949 a 1979, sendo o país que mais cresceu no mundo, à taxa média anual por volta de 6% anuais. É reconhecido que a perda da referida estratégia se deveu aos dois violentos choques do petróleo (1973 e 1979) e ao grande endividamento para o crescimento acelerado, realizado pela ditadura militar (1964-1984).

Os governos desde 1994 sabem do acima exposto. Porém, privilegiaram a manutenção do poder político. O exemplo mais recente disto se deu nesta semana. A presidente Dilma disse, há alguns dias, que não tiraria César Borges do ministério dos Transportes, “nem que a vaca tussa”, pelo seu competente trabalho à frente da pasta. Porém, teve de ceder à exigência do presidente do PR, Valdemar da Costa Neto, que exigiu a cabeça do referido ministério, para apoiá-la na campanha de reeleição. Dilma então realocou César Borges na Secretaria Especial dos Portos, trazendo o escolhido, Paulo Sérgio Passos, pelo citado Valdemar da Costa Neto, ao ministério dos Transportes. Referido Valdemar foi condenado no processo do “mensalão” e está preso no presídio da Papuda, em Brasília. Este é um dos exemplos cristalinos de que o PT quer manter-se no poder, mediante as antigas práticas clientelistas. O longo prazo fica para depois. Mas, a bem da justiça, nem Lula, nem FHC, também não conseguiram retornar o planejamento estratégico, feito com eficiência, como exemplo, na democracia, por JK (1956-1960), bem como na ditadura, por Ernesto Geisel (1974-78).

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