30/01-2014 - FAVORITISMO
A presidente Dilma vem se
postando como favorita para a reeleição, segundo pesquisas. No entanto, as
manifestações de junho deixaram marcas fortes na queda de popularidade dela.
Naquele momento, ela não ganharia no primeiro turno, somente ter voltada a possibilidade
vencer meses depois. Ela reagiu propondo ao Congresso cinco pactos, nenhum se
realizou. Até agora somente a lei anticorrupção, que entrou em vigor ontem,
saiu da prateleira de projetos no Legislativo. Neste fim de semana existiram
manifestações em 13 capitais contra os gastos públicos para a realização da
Copa de Futebol, cujo início se dará em junho próximo. Por coincidência,
completará um ano as fortes idas às ruas, de 2013, o maior movimento desde o do
Fora Collor, de 1992. Em São Paulo houve repressão e um manifestante foi
baleado pela Polícia Militar. Os manifestantes sabem de sua força. Mais
condições objetivas estão postas. A economia brasileira vem crescendo a taxas
inexpressivas, 2,7% em 2011; 1% em 2012; esperado 2,3% em 2013; a projeção para
2014 é por volta de 2%. Poderão haver
manifestações de caráter econômico. Motivos não faltam. No mesmo fim de
semana a presidente Dilma em comitiva de 45 pessoas foi ao Fórum Econômico
Mundial, na Suíça, fazendo uma visita a Portugal, sem compromisso oficial, onde
se hospedaram nos melhores hotéis. A suíte da presidente Dilma pagou diária de
R$26 mil. A grande imprensa e a oposição denunciaram os fatos. O governo se
defendeu dizendo que a parada era técnica, visto que o avião presidencial iria
até Cuba. No entanto, a escala já estava agendada desde a ida à Suíça. Por fim,
a presidente disse que ela pagou do próprio bolso, bem como toda a comitiva. Em
sequência visitou Cuba, onde inaugurou o Porto de Mariel, financiado pelo
BNDES, empreendimento de grande porte, em contraste com o Brasil tão deficiente
na área portuária e as concessões da espécie não decolam, existindo gargalo
logístico que muito se traduz no chamado custo Brasil.
O favoritismo da presidente é
devido aos programas sociais, que hoje atingem mais de 50 milhões de cidadãos,
bem como será usada a máquina pública, mediante base aliada de 17 partidos
políticos. Convém lembrar que pelo menos desde 1992 vem sendo reforçados
protestos de natureza econômica, decisivos nas eleições. Bill Clinton foi
eleito naquele ano porque argumentou o excessivo gasto da gestão de George Bush
(pai), seu estrategista político, James Carville, dizia para os seus aliados “é
a economia, estúpido”. No Brasil, FHC ganhou a eleição ao dirigir os trabalhos
que levaram à estabilidade econômica do Plano Real (1994). Antes, ele tinha até
perdido a eleição para a Prefeitura de São Paulo, para Jânio Quadros, sem
ter-se utilizado da economia. Em 1998, FHC se reelegeu vindo segurando a
valorização cambial da moeda Real, o que acarretou a inflação baixa. Lula,
depois de insistir a várias candidaturas, elegeu-se porque a era FHC tinha
chegado ao fim, prometendo melhorias econômicas, de que ia pagar ao FMI,
fazendo “carta aos brasileiros”, de que iria respeitar os contratos. Reelegeu-se
em 2006, por que a economia estava crescendo acima de 5% ao ano, em ambiente de
calmaria econômica mundial e de grande progresso, não obstante ter aflorado o
escândalo do mensalão. Portanto, a reeleição não está ainda garantida, ainda
mais se os ventos continuarem soprando tão fracos na economia nacional.
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