23/01/2014 - CRENÇA ABALADA




Os investidores estrangeiros retiraram pelo menos US$11 bilhões da BOVESPA em 2013. Tratou-se de um recorde negativo. Nem mesmo durante o auge da crise de 2008 se promoveram tantos resgates. O ano de 2014 se iniciou e as saídas continuaram. A bolsa de valores que perdeu 15% no ano passado, já perdeu mais 5% em duas semanas, praticamente, já que ontem recuperou 1,5, mas a tendência é de queda. Os grandes fundos internacionais têm preferido agora aplicar em mercados desenvolvidos, em processo de recuperação, como nos Estados Unidos, Europa e Japão. Porém, o País tem perdido mais dinheiro externo por problemas internos. Para tanto contribuíram a inflação renitente, desequilíbrio na balança comercial, investidores, contrariados, autoridades nervosinhas e ameaça de rebaixamento da classificação de risco do País.

Em entrevista à revista Exame, datada de ontem, Mark Mobius, presidente da área de mercados emergentes da gestora Franklin Templeton, uma das maiores do mundo, tendo US$48 bilhões em ações de empresas pelo globo, o qual sempre teve uma visão otimista do Brasil, mudou nos últimos tempos. Mudou de ideia. Por quê? “O Governo ficou grande demais e passou a interferir de forma agressiva nos negócios ... Estamos vendo uma série de indicadores negativos. O crescimento econômico é baixo demais para um país com uma população tão jovem. O déficit nas transações com exterior é preocupante e uma desvalorização do real ajudaria a resolver isto. Mas, nesse caso, haveria mais pressão sobre os preços, num momento, em que a inflação já está elevada. É bem difícil que o Banco Central deixe isto ocorrer num ano eleitoral. Por último, o emprego já não está crescendo como antes”, declarações dele. No ano passado, dos US$5 bilhões de seis meses atrás aplicados na bolsa de valores brasileira, no final do ano de 2013 somente a referida gestora tinha US$2,8 bilhões e provavelmente tenha bem menos hoje.

Sem dúvida, os resultados ruins continuam aparecendo. Ontem foi divulgado que a arrecadação em 2013 alcançou mais um recorde, acima de R$1,1 trilhão, entre impostos e contribuições federais. O incremento foi superior a 4%, mais uma vez se elevando a carga tributária nacional, o que afetou também diretamente os investimentos, visto que se espera incremento do PIB de 2%. Além do mais, o superávit foi o menor percentual em mais de dez anos, de 1,8%, a despesa em custeio cresceu mais do que o PIB e o investimento público seguramente cresceu menos. O caldeirão está em ebulição.

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