01/02/2014 - IMPASSE INDUSTRIAL




Na etapa colonial a indústria brasileira foi proibida, conforme Tratado de Methuen de 1703, realizado entre Portugal e a Inglaterra. As manufaturas pelo mundo se desenvolveram fortemente desde o século XVIII, enquanto o Brasil se atrasou por mais de dois séculos. A solução encontrada por Getúlio Vargas, somente a partir de 1930, decorreu de incentivar a industrialização substitutiva das importações. A concessão de subsídios, assim, tornou a indústria brasileira protegida. Por isso mesmo, embora o País fosse primário exportador, a sua repercussão nas transações internacionais sempre foram pequenas, por volta de 1%, marca que existe até hoje. Em 1990, Fernando Collor resolveu derrubar os mecanismos de proteção industrial e iniciou a privatização de várias estatais, com o fito de tornar a indústria brasileira competitiva. Após o Plano Real, de 1994, a estabilidade econômica veio demonstrando quais os segmentos realmente competitivos. Porém, o grande progresso do mundo a partir do início do século XXI, fez com o Brasil iniciasse um processo de reprimarização, mediante fortalecimento do agronegócio, cuja competitividade cada vez mais chega a padrões internacionais. No entanto, as manufaturas tradicionais foram perdendo lugar, bem como muitos segmentos industriais se ressentiram de uma política verdadeiramente industrial.

Passada a era Lula, em que os efeitos foram de certa forma compensados com um crescimento por volta de 4%, em média anual, a gestão da presidente Dilma mostrou “a indústria na encruzilhada” (título do artigo de ontem, na grande imprensa, de Pedro Luiz Passos, presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), no qual ele assim se refere: “A indústria brasileira obteve em 2013 o melhor resultado dos últimos três anos, mas esse não é um feito que mereça comemoração. Primeiro, o crescimento foi baixo, próximo a 1,5%, incapaz de compensar a queda de produção superior a 2% no acumulado dos dois anos anteriores. Segundo, mesmo essa tênue recuperação foi limitada, pois apoiada em apenas 2 dos 27 ramos pesquisados pelo IBGE, veículos automotores e máquinas e equipamentos, justamente os que contaram com incentivos do governo sob a forma de juros menores nos bancos oficiais ou reduções de impostos”.

Refere-se ele à proteção cambial de outras eras como útil, mas em face das políticas de integração mundial, é necessária maior abertura com o comércio externo, a ampliação de acordos internacionais e incentivos redobrados à exportação. Para ele, portanto, “são mudanças estruturais, e não estímulos pontuais, que criarão a base para a expansão do setor produtivo, impondo-se, por isso, compromisso com a maior abertura comercial”.

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