19/08/2013 - ESQUEMA DE CORRUPÇÃO
Inventado na Alemanha o esquema
de corrupção mais fechado do mundo, o universo dos cartéis. O cartel é uma
associação secreta de empresas internacionais que praticam acordos para ganhar
concorrências públicas de obras e para manter controle de preços públicos e
privados. Nos anos de 1970 foi publicado o livro “A Ditadura dos Cartéis”, de
Kurt Rudolf Mirow, brasileiro, de origem alemã, o qual teve seu livro aprendido
e somente foi liberado por muito custo, haja vista que se fazia associação do
texto com o regime militar de então. Nos segmentos empresariais mais
importantes ele demonstrou que havia centenas de cartéis atuando. Ele mesmo que
foi prejudicado pelo cartel da indústria elétrica-eletrônica. Muita gente
acredita que o monopólio seria o regime de mercado mais danoso. Não é. É o
cartel. Enquanto no monopólio se sabe quem é o predador, no cartel ele se
esconde pela concorrência de poucas empresas, que, na verdade, não concorrem e
são parcimoniosas.
Mundo afora, um esquema de
grandes desdobramentos, também no Brasil, revelado recentemente, a partir de
2006, quando a Siemens passou a ser investigada pelos Estados Unidos, em
contratos entre 2001 a 2007 foram identificados 4.283 pagamentos suspeitos, no
total de US$1,4 bilhão, equivalentes a R$3 bilhões. A maior parte das propinas
foi paga em negócios das divisões de comunicações e geração de energia elétrica.
No Brasil, as mais recentes descobertas
têm sido na área de mobilidade urbana. Investigações em andamento no Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (CADE), acerca das fraudes na Companhia
Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), de São Paulo, levou a suspeita de que há um
cartel generalizado, espalhado por Estados e municípios. Seis grandes obras
públicas já estão mostrando os absurdos das fraudes. No sistema de transportes
sobre trilhos de São Paulo, o governo federal pagou entre 2004 a 2013, mais de
R$460 milhões para as empresas Siemens, Alstom e CAF, relativos a
superfaturamento. Em Salvador, a construção do metrô, tem três anos e não
funciona nem um metro dos 12 quilômetros previstos, a Siemens comanda o
consórcio vencedor desde 1999. Tal projeto previa investimentos de R$400
milhões. No entanto, R$1 bilhão já foi consumido. A suspeita de que o
superfaturamento ultrapasse R$400 milhões. Em Porto Alegre, a obra de
construção do metrô tem no consórcio a Alstom com 93%. Cada trem tem um custo
de R$17 milhões, quando no mercado se compra por R$12 milhões. Em Fortaleza, a
linha sul do metrô tem a Siemens na liderança. Custou R$1,5 bilhão e o TCU
detectou superfaturamento de R$120 milhões a mais. A mais cara obra do PAC, a
transposição das águas do rio São Francisco, consórcio liderado pela Alstom,
orçada em R$4,5 bilhões, nem tem previsão do seu término. O orçamento atual é
de R$8,2 bilhões. A CGU já descobriu R$80 milhões.
Em face ao exposto, de novo, está
o acordo dos líderes dos vários partidos da base governamental, em torno de
fazer-se a reforma política, abordando temas espinhosos tal como é a corrupção,
procurando dar um fim à conhecida impunidade instalada.
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