05/06/2012 - MOVIMENTOS TÍMIDOS


A preocupação mundial com a crise cujo eixo hoje está na Europa parece que é menosprezada pelo Brasil. Mas, não é. Pelo contrário. No entanto, o governo federal apresenta um plano de poder permanente, sem alterar o tripé em que se encontra a economia desde 1994, com o advento do Plano Real. Portanto, na economia brasileira faz movimentos tímidos, a engrenagem econômica cresce também timidamente. A prova da permanência no poder se extrai da declaração do presidente Lula, na semana passada: “A única possibilidade de eu voltar ao governo será se a Dilma não quiser se reeleger. Não posso deixar que um tucano volte a governar” (ele se esquece que falta o teste mais uma vez das urnas; afinal, ele perdeu antes pelo menos cinco vezes, em eleições). A questão para o posicionamento internacional é: se houver um ataque especulativo, semelhante ao que se defrontou a era de FHC, com a saída de capitais, esgotando reservas e inviabilizando o fechamento do balanço de conta corrente, hoje tendo um déficit anual de mais de US$50 bilhões, o Brasil vai recorrer a quem? Ao FMI?

O argumento da defesa a um ataque especulativo é de que as reservas pagam até sete anos de um buraco igual de US$50 bilhões. No entanto, como se chegou ao atual nível das reservas? Por quatro motivos. O primeiro, a estupenda elevação dos preços das commodities, resultando em expressivos saldos comerciais, que não fecham mais, há quatro anos, o saldo negativo no balanço dos serviços internacionais. O segundo, o ingresso de capitais para aplicações financeiras, que foram reduzidos muito, devido ao Brasil não ser mais o campeão mundial de juros reais. O terceiro, o ingresso de capitais para novos investimentos, muito restritos, em face à economia mundial encontrar-se ainda mergulhada em crise financeira, o que afugenta novas inversões. O quarto, o real se desvalorizou, mas não foi suficiente para recuperar as exportações, que perderam competitividade nestes últimos dez anos. Por outro lado, ao taxar automóveis importados, as montadoras, mesmo tão privilegiadas na economia doméstica, anunciaram reduções de US$3 bilhões em novos investimentos.

Em face ao exposto, fica a equipe econômica maquinando artifícios, sem ter a coragem de enfrentar as necessidades que exigem a economia desenvolvida. Como é que fica? Quase parada, perdendo o bônus demográfico e a estabilidade econômica de quase três décadas.

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