31/05/2012 - JUROS NOMINAIS MENORES
Os juros nominais da economia brasileira atingiram hoje o menor patamar da história, visto que eles são regulados pela taxa básica de juros dos títulos públicos, a chamada SELIC. O Brasil praticou elevadas taxas, quando considerado o fato de que existia a correção monetária, sendo os juros aplicados depois de o capital financeiro ter sido corrigido. Findo o estatuto da correção monetária, após o advento do Plano Real, em 1994, ainda assim os juros nominais eram altos, até porque a inflação não baixou logo para um dígito, precisou de mais de cinco anos para tal. A era do presidente Cardoso (1995/2002) se defrontou com várias crises internacionais, obrigando a taxa SELIC ser de dois dígitos. No seu segundo mandato (1999/2002), após aguda crise cambial, em que praticamente se esgotaram as reservas e o País teve de recorrer ao FMI, os juros nominais foram à estratosfera de 41% anuais, quando não existia mais a correção monetária. A era do presidente Lula (2003/2010) recebeu a SELIC em 25%. Para mostrar que o Brasil continuava ortodoxo, o presidente Lula realizou a mesma política econômica da era FHC, baseada no tripé do câmbio flutuante, superávit primário e meta de inflação. Mesmo assim, para provar que era ortodoxo, ao ligeiro aceno de a inflação recrudescer, o BC do presidente Lula aumentou a SELIC para 26,5% anuais. Quer dizer, mais ortodoxo do que FHC, para espantar aqueles que receavam que Lula fosse um trator, deixando a “terra arrasada”. Mas, qual, Lula navegou em ondas de grande progresso mundial e elevação dos preços das commodities, fazendo o País regressasse ao seu espírito predominante de primário e exportador. Desde então, já vinha com os últimos anos de FHC, a balança comercial nunca mais deixou de ter superávit. No início do século crescente e somente nos últimos anos é que tem sido decrescente. Logo, abriu-se espaço para que a SELIC caísse, até porque o câmbio passou a valorizar muito a moeda brasileira e isto muito contribuiu para que a inflação viesse para a casa de um dígito, a partir de meados da década passada.
Em plena crise internacional que o Brasil enfrentou em 2009, a SELIC atingiu o seu nível mais baixo, de 8,75% anuais. Depois, voltou a subir, visando combater à elevação inflacionária, chegando a julho de 2011 em 12,50% anuais. Tais elevações da taxa de juros em mais 4%, aproximadamente, fizeram a economia regredir, fechando 2011 com 2,7% de incremento do PIB. De julho para cá, foram sete quedas da SELIC, de 4,2%. Com isso, espera o governo reativar a economia para crescer por volta de 4%, enquanto o mercado financeiro aguarda 3% neste ano. Tal política econômica de basicamente girar a roda somente com a SELIC, fez o Brasil ser considerado por organismos internacionais, da qual a Fundação Dom Cabral é representante brasileira, como um país que piorasse no indicador de competitividade, de 44º para 46º. A avaliação internacional leva principalmente em conta que o Brasil trabalha basicamente com o curto prazo, não tendo um plano econômico que exija as reformas institucionais para alcançar o nível de quinta economia do mundo.
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