16/11/2011 - CRACK VIROU EPIDEMIA
Este é o título dado pela revista Veja, datada de hoje, nas páginas amarelas, à entrevista do Ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Ela é aberta assim (vale à pena ipsis literis):
Veja – “Pesquisas mostram que o brasileiro considera a saúde o pior serviço prestado pelo governo. O que está sendo feito para mudar essa percepção?” Ministro – “Nosso maior desafio é melhorar o atendimento à população. O SUS precisa ter obsessão pela qualidade. O Brasil é o único país com mais de 100 milhões de habitantes que resolveu ter um sistema nacional público e gratuito. A Índia, a China, o Paquistão, a Indonésia e os Estados Unidos não fizeram isso. O sistema brasileiro tem 1 milhão de internações por mês, mais de 3,5 bilhões de procedimentos ambulatoriais. Mais essa dimensão não pode impedir que o SUS se preocupe com qualidade. Veja – “Sim, mas como melhorar o atendimento? Ministro – “Há duas linhas principais a melhoria dos gastos e o combate aos desvios de recursos. Já começamos a criar políticas de incentivo financeiro pela qualidade. As equipes que prestarem um serviço melhor à população poderão ter o repasse de recursos dobrado...” Em primeiro lugar, o SUS não tem obsessão pela qualidade. Presta um serviço péssimo à população, justamente porque universalizou o sistema, sem ter recursos suficientes, afora inúmeros defeitos e desvios de recursos. Ademais, como poderão ser repassados recursos dobrados se a própria presidente já declarou que mais recursos para a Saúde somente informando a fonte, numa clara demonstração de querer recriar o CPMF, que ia muito pouco para a área da Saúde? O próprio ministro afirma também que não vê como recriá-la. Tem-se aí um sofisma de composição.
Veja – “O governo está há tempos prometendo lançar uma campanha de combate ao crack. Por que está demorando tanto?” Ministro – “Eu estive pessoalmente na Cracolândia de São Paulo no início do ano e observei de perto a deterioração provocada pelo crack. Para mim, é evidente que essa droga se tornou uma epidemia, não há outro termo, não há como amenizar. Por isso, a ação não pode ser exclusiva da saúde. É preciso haver uma coordenação de ações de segurança pública, de educação, de reinserção social. Nós da Saúde, queremos por o dedo nessa ferida do crack e ajudar a cicatrizá-la. Já não é sem tempo, a epidemia avançou mais rápido do que as ações de combate”. A Cracolândia existe em inúmeras cidades brasileiras. Em São Paulo ela parece ter saído do inferno e o governo nunca a dominou ou a controlou. Logo na terceira maior cidade do mundo e a mais rica do Brasil. Ora, esta segunda pergunta escolhida mostra como a Saúde e as demais áreas citadas para ação conjunta não são prioridade. Prioridade mesmo é o pagamento dos juros da dívida pública, tanto interna como externa. Sem falar na velada ampla malha de corrupção que parece não ter fim neste primeiro ano de governo da presidente Dilma. Os protestos estão na ordem do dia.
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