25/10/2011 - TRANSFERÊNCIAS DE RENDA


A revista Isto é que circula com a data de hoje traz em editorial, com título “os emergentes do bolsa família” e, na última página, o artigo mensal de Ricardo Amorim, intitulado “Bolsa Brasil”. Não há uma remissão da historia brasileira, mas o fato é que a economia do Brasil deve ser interpretado em duas formas de condução, antes do Plano Real e depois do Plano Real. No tópico de transferências de renda que aqui se quer abordar, elas em sua maioria sempre foram muito mais para os detentores do capital do que os do trabalho. Na verdade, antes de 1994, o caminho brasileiro sempre foi o de apresentar concentração de renda, visto que a cada censo o índice de Gini, tido como o melhor para medi-la, elevava-se, ao ponto de a literatura considerar o Brasil o país mais injusto do mundo, em termos relativos. Ou, campeão em concentração de renda mundial. Desde a colonial de exploração, passando pelo império, até o exercício do mandato de 33 presidentes, o Brasil era desacreditado para ser emergente e depois desenvolvido. Porém, depois de 1994 o Brasil mudou para seguir um novo caminho.

Dessa forma, o que a revista coloca no editorial é que, desde 2003, quando foi criado o Bolsa Família, cerca de 2,227 milhões delas, subiram de extrato social, deixando de receber referido benefício. Isto é, progrediram, colocando por terra o mito de que o referido programa era simplesmente assistencialista. Citadas famílias ascenderam na escala social pelo fato de que o salário mínimo vem tendo ganhos reais desde 1994. O efeito combinado de pelo menos esses dois fatores levaram a que a classe média passasse de 36% da população, em 1994, para 52% em 2010. Além do mais, o número de assistidos pelo maior programa social do governo, o referido Bolsa Família, continua assistindo mais de 12 milhões de famílias.

Já as colocações de Ricardo Amorim de que uma enorme bolsa, o bolsa Brasil, onde o Bolsa Família gasta R$16 milhões; mas o Bolsa Empresário transfere do governo R$18 bilhões do BNDES, a título de financiamentos subsidiados; o Bolsa Exportador custa mais de R$60 bilhões em subsídios; o Bolsa Aposentado custa aos cofres do governo R$90 bilhões para cobrir o déficit. Depois ele relaciona o Bolsa Idoso, o Bolsa Estudante, o Bolsa Universitário, o Bolsa Corrupto e o Bolsa Político. Nove tipos delas. Poderiam ser encontrados muito mais, tais como o Bolsa Empreendedor, o Bolsa Simples Nacional, o Bolsa Erradicação da Miséria, o Bolsa Luz para Todos. Treze já. Provavelmente se raciocinando se terá muito mais. Em conclusão, Ricardo Amorim aduz: “Ao compactuar com o atual sistema, a sociedade brasileira faz uma opção por um governo forte e poderoso, que nos oferece migalhas e um país cuja capacidade de se mover é limitada pelo peso do próprio governo. Escolhemos o dinheiro dos Bolsas, em vez de dinheiro nos bolsos. Já passou da hora de refazermos nossas escolhas”.

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