12/10/2011 - REVISÃO PARA BAIXO DO PIB


No começo do ano o Ministério da Fazenda (MF) projetou crescimento do PIB de 4, 5% em 2011. Em meados do ano o Banco Central (BC), que realiza a pesquisa semanal, publicada como informativo Focus, ouvindo cerca de 100 analistas do mercado financeiro, admitia que a perspectiva estivesse em torno de 4%. Nas últimas semanas, a previsão caiu para por volta de 3,5%. Referido MF e BC, mais o Ministério do Planejamento, compõem o órgão máximo de política econômica brasileira, que é o Conselho Monetário Nacional. Ontem, o Secretario Geral do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, segundo na escala daquela administração, em depoimento no Congresso Nacional prevê que o indicador ficará entre 3,5% a 4%. Ele fora chamado para explicar porque o governo propugnou pela prorrogação da “Desvinculação das Receitas da União”, coisa que ela faz desde 1993, a cada três anos, em razão de vir contingenciando o orçamento público, visto que o dinheiro da arrecadação anual tem sido sempre pouco para os gastos governamentais. Declarou que: “Contamos com a prorrogação da DRU. O momento internacional recomenda essa flexibilidade no orçamento”.

O que é a DRU? Trata-se da retenção de 20% do dinheiro que deveria seguir para os Estados e Municípios, através dos fundos constitucionais de participação deles, na arrecadação pública, mas que é devolvido, em tese, três anos depois. Virou uma bola de neve há 18 anos. Ora, porque a União, que fica com aproximadamente 70% da arrecadação brasileira, precisa de tanto dinheiro? Ela não vem abertamente a público dizer a verdade, mas deixa implicitamente pelo delineamento dos seus gastos. Entre 40% a 60% do orçamento de todos os 18 anos têm sido destinados para pagar a dívida pública, que é a gigantesca bola de neve que vem desde 1822. Já dizia o ex-ministro Antônio Delfim Netto, desde os anos de 1970, quando era contestado pelo endividamento público: “dívida não se paga; se rola”. Portanto, este é o maior problema nacional, que vem antes do problema da falta de educação, de saúde, de saneamento, dos transportes, bem como de outros investimentos públicos, dado que o governo gasta, pagando juros da dívida, preterindo as outras áreas.

Equivocadamente, muitos analistas da economia brasileira aduzem ao fato de que o Brasil não pode crescer mais porque sua taxa de poupança é de 17% do PIB, enquanto a China poupa mais de 45%. Ora, a China usa tal dinheiro para investimentos, com mão de ferro governamental, que visam tirá-la dos atrasos seculares. O Brasil gasta a maior parte do dinheiro arrecadado com a dívida. Por outro lado, arrecadando 35% do PIB anual, o mesmo governo retira isto da taxa de poupança nacional. Outra comparação mostra o equívoco em referência, que é com o Japão, que tem taxa de poupança acima de 35%, mas, no entanto, há mais de 20 anos vem em uma draga danada, de baixo crescimento anual, quando não de recessão como ocorre agora.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

ONDAS DE CALOR

LÓGICA DO AGRONEGÓCIO

PREVISÕES SEMANAIS