31/08/2017 - CAUSAS ACUMULADAS DO DÉFICIT PÚBLICO
A história brasileira demonstra que o governo central vinha
trabalhando, geralmente, com déficit público, visto que a dívida pública
assumida desde 1824 tinha que ser paga em principal e em juros. Raramente se
reduziu o estoque dela e se procurou pagar os juros, rolando o principal e,
muitas vezes, parte dos juros. No esquema do Plano Real, na sua primeira fase,
em 1993, o Fundo Social de Emergência estabeleceu como meta o fim do déficit
primário. Em 1998 se conseguiu superávit primário. Em julho de 2011 se chegou a
ter mais de R$180 bilhões de superávit fiscal. Porém, as contas públicas se
deterioraram sensivelmente, em cerca de três anos e, depois de 16 anos, obteve-se
déficit primário em 2014. Agora, em julho se tem um déficit primário de R$183
bilhões. Quer dizer, o governo chegou a ter uma zona de conforto em 2011 e
passou para o descontrole em 2014, extrapolado até 2018, em um déficit estimado
pelo governo de R$619,5 bilhões. Extrapolações da própria União indicam que até
2020 se terá déficit primário, superior a R$800 bilhões. Que descalabro!
Dessa maneira, o déficit público é histórico, havendo sempre
déficit nominal, por causa da dívida pública, que tem que ser honrada em pelo
menos seus juros. O déficit primário consecutivo de 16 anos foi conquistado, para
isto, após Plano Real, mas, destruído desde 2014, com sete anos previstos de
déficits primários seguidos. A referida destruição não se deveu apenas à maior
recessão da história (2015-2017), que levou à queda das arrecadações. Nos
últimos anos, as estatais foram arruinadas, a exemplo da Petrobras, do Sistema
Elétrico e do PAC, em razão da corrupção, identificada principalmente pela
operação Lava Jato e correlatas. As estatais passaram a ter prejuízos. Não têm
lucros para distribuir à União. Os preços do petróleo caíram. As receitas das
concessões caíram e, tem seus limites, dado que são incertas e variáveis. Desde
a maior crise capitalista de 2009, o governo passou a subsidiar o consumo de
bens duráveis, para sair da crise, além de realizar desonerações da folha de
pagamentos de milhares de empresas. Saídas claras de receitas. Outras grandes
empresas atrasaram pagamentos de tributos à espera de novo refinanciamento de
dívidas (REFIS), que vem ocorrendo desde os anos 2.000. O Tesouro Nacional
continua a subsidiar o crédito rural, para grandes e pequenos, ao BNDES, para
financiar principalmente indústrias e agronegócios. Quase todos os erros de
política econômica são decorrentes da gestão equivocada de Dilma Rousseff. Por
seu turno, Michel Temer tem sido incapaz de sair da armadilha do déficit
público.
Qual a saída da “morte anunciada”? Não há milagres.
Infelizmente vêm aí elevações tributárias.
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