12/09/2017 - MISTO DE EUFORIA E DE COMEDIMENTO
Quem está certo? As montadoras de veículos cujas matrizes são
grandes multinacionais, que projetam crescer 25% neste ano ou o Banco Credit
Suisse, conglomerado financeiro internacional que projeta crescimento baixo,
por volta de 2%, para o Brasil, a partir de 2018, ano em que o governo projeta
3%, mas ele estima 2% para 13 anos, até 2030? Quer dizer, neste segundo caso, haveria
a continuidade do voo de galinha e a perda praticamente do bônus demográfico.
No primeiro caso, a euforia de grande decolagem, a partir deste ano. Claro, são
duas coisas bem distintas o curto prazo e o longo prazo, assim como a
estimativa para um forte segmento e para o conjunto da atividade produtiva.
Antes de seguir, convém referir-se aqui que a indústria automobilística só é
menor do que a indústria da construção civil, sendo esta influenciadora de
cerca de 10% do PIB. Ela também está também perto destes 10%, em suas
interligações verticais e horizontais.
Para as montadoras, a inflação controlada, queda dos juros,
melhora da confiança dos consumidores e forte demanda externa, levaram-nas a
apostarem em crescimento de 25%, para 2,7 milhões de veículos. Contudo,
referida projeção é para recuperar-se do grande baque que sofreu. Poderá crescer
citado número, mas não nesse ritmo.
O estudo do Banco Credit Suisse levou mais em consideração o
problema de longo prazo de equacionamento das finanças públicas. A economia é
puxada para baixo quanto às contas públicas estão no vermelho, principalmente
em razão do ajuste lento e gradual que se vem fazendo desde 2015, o qual
somente tem feito aprofundar o déficit primário, inclusive, o previsto para
este ano e para o próximo, de iguais aproximadamente a R$159 bilhões. Será que
este vermelho será uma cor de tantos anos vindouros? Trata-se de 2% uma taxa
muito medíocre para o potencial do Brasil. Corresponde a menos da metade do que
esperado pelo FMI para os grandes países emergentes, por volta de 5% ao ano. É
também menor do que a taxa média mundial projetada pelo FMI, para os próximos
anos, em torno de 3% anuais.
Se no curto prazo se pode ter uma estimativa de euforia, no
longo prazo, não. Como dizia Keynes, “no longo prazo todos estaremos mortos”.
Assim, cabe ao País forjar o crescimento virtuoso e, já que não dá para ser neste,
para o próximo governo.
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