27/09/2017- INEFICIÊNCIAS DO MODELO DE SAÚDE




Um dos maiores orçamentos ministeriais é o da saúde brasileira. O Brasil gasta hoje 9,5% do PIB, considerando os setores público e privado. O valor é maior do que gasta certos países desenvolvidos, tais como o Reino Unido e a Espanha, por volta de 9%. A diferença está em que o Brasil ainda tem uma população que cresce 0,7% anuais e ainda jovem. Naqueles países ricos a população está estabilizada e não é mais de jovens. Para manter 207 milhões se gasta cerca de mil dólares per capita por aqui, sendo um quinto da média desembolsada pelos países ricos. E o que é pior, o maior problema é o de gestão e há muitos desperdícios. Desdobrando em quatro as ineficiências, em síntese: (1) o Brasil negligenciou a prevenção da saúde, havendo 993 unidades básicas de saúde, mas não têm condições boas para funcionar. Um bom atendimento nelas evitaria um terço nas internações nos hospitais, podendo ser economizado R$100 bilhões por ano. (2) o País tem sobra de leitos nos hospitais do interior e faltam leitos nas capitais. Há três funcionários por leito no País, quando a média da OCDE é de dois. (3) Os tribunais estão abarrotados de ações de pacientes, na busca de tratamento que estão fora dos padrões dos planos de saúde e nas agências sanitárias. (4) Exames repetidos inúmeras vezes pelo atraso tecnológico. Assim, 50% dos exames realizados na rede pública nem sequer são retirados pelos pacientes.

O número de idosos em 2010 era de 29 milhões. Em 2030 será de 42 milhões. Quando chegar este ano 90% dos idosos não terão condições de pagar pela cobertura de um plano de saúde privado. Os hábitos da população prejudiciais à saúde, tais como consumo excessivo de álcool, hipertensão e obesidade sobrecarregam os tratamentos de saúde. Os custos poderão ser insuportáveis. Dados do Ministério da Saúde, revelados pela revista Exame desta quinzena mostram que se gasta hoje cerca de R$500 bilhões (9,5%), mas em 2035 poderão ser de R$2 trilhões (25%).

Por fim, o Ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirma que o Brasil precisa caminhar para um modelo de atendimento à saúde que reduza a hospitalização. Segundo ele: “Resolveríamos tudo com um quinto dos hospitais do País”. Volta-se ao início deste artigo: o grande problema é a falta de boa gestão, não qual se priorize a prevenção e se reduzam os tratamentos ou curas, muitos dos quais são meros paliativos.

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