10/09/2017 - DESIGUALDADE DE RENDA NÃO CAIU ENTRE 2001 E 2015




Uma coisa é a comprovação de que o índice de Gini, que mede a concentração de renda no Brasil vem caindo desde o Plano Real. Até o jornal inglês Financial Times constatou que no Brasil “os ricos estão ficando mais ricos e os pobres menos pobres”. Alguns devem estar perdendo, por certo. Outra coisa é acerca da desigualdade de renda, que não “caiu” entre as classes sociais brasileiras, segundo estudos da equipe do economista francês Thomas Piketty, famoso por lançar o livro “O Capital no século XXI”, uma alusão ao livro “O Capital” de Karl Marx, lançado em meados do século XIX. O livro de Piketty é um dos mais lidos no mundo inteiro há vários anos. A principal tese do citado francês é de que está valendo mais a pena viver da renda do que do trabalho. Por isso mesmo, propõe a taxação dos mais ricos para reduzir as disparidades na distribuição de renda. No livro best seller de Piketty não há dados sobre o Brasil, visto que a América do Sul não ingressou nele. Somente na atualidade ele tem feito estudos, na medida em que visita a América Latina.

A equipe econômica em referência informa que a maior parte do crescimento econômico deste século no Brasil foi apropriada pelos 10% mais ricos da população. O estudo foi conduzido pelo World Wealth and Income Database, essa parcela da população passou de 54,3% para 55,3% de 2001 a 2015. No mesmo período, a participação dos 50% mais pobres também subiu 1%, de 11,3% para 12,3%. A renda nacional total cresceu 18,3% no citado período, porém 60,7% desses ganhos foram apropriados pelos 10% mais ricos, já 17,6% foram para os menos favorecidos. A expansão foi feita à custa da faixa intermediária de 40% da população, cuja participação na renda nacional se reduziu de 34,4% para 32,4%. Referida faixa não se beneficiou de políticas sociais nem pode tirar proveitos dos ganhos de capital, conforme análise da equipe de Piketty.

O que se observa acima é o uso da questão da distribuição de renda como propaganda política. O governo central, através do IPEA, tem afirmado que ao reduzir o índice de Gini, por cerca de duas décadas, melhorou a vida do brasileiro. Entretanto, foi nas extremidades (ricos mais ricos, pobres menos pobres), reduzindo a renda das classes intermediárias, que se deu a mudança na distribuição de renda nacional.

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