27/05/2017 - BNDES PRESIDENTE RENUNCIA
Há um ano Michel Temer iniciou seu governo. A crítica
primeira foi de um governo dirigido só por homens. Poucos dias depois ele
nomeou uma mulher para presidente do BNDES, Maria Sílvia Bastos, conhecida por
ser competente na iniciativa privada. Outras mulheres foram chamadas, mas
nenhuma com o cargo de ministro executivo. Naquele banco Maria Sílvia limpou a
área de influencias políticas notoriamente as do PT. Tornou as práticas ou
retornou as práticas técnicas para as decisões de projetos de investimentos.
Eis que estourou o maior escândalo da área bancária, mediante delação premiada do
grupo JBS. Antes, Maria Sílvia já tinha facilitado os acessos que deram ensejo
às delações premiadas do grupo Odebrecht, revelando que o BNDES financiou
projetos do citado grupo em 12 países. Claro estava que outros escândalos iriam
(ou vão) estourar. Maria Sílvia também apertou as liberações de crédito, antes
frouxas, fechando o ano de 2016 com 35% menos de liberações. Daí, certos
“campeões nacionais”, tal como o JBS, inclusive, em declarações de áudios do
dono do JBS, Joesley Batista, este, conversando com o presidente Temer,
reclamou do rigor de Maria Silvia. As investigações da Polícia Federal no BNDES
provocaram também reações dos funcionários, numa defesa do “espírito de corpo”.
Maria Sílvia passou a ser criticada também por eles. Ontem, ela renunciou. O
presidente Temer aceitou e indicou o novo mandatário, que estava na direção do
IBGE, Paulo Rabelo de Castro, doutor em economia pela Universidade de Chicago,
escola conhecida por defesa do neoliberalismo. Certas associações, que
criticavam a drástica redução de recursos liberados ficaram satisfeitas com a
indicação de Rabelo de Castro. Para o professor da FGV, Aloísio Araújo, na
Folha de hoje: “antes dela, o Banco estava operando com volume de recursos em
dissonância com a realidade fiscal”. Maria Sílvia devolveu no ano passado R$100
bilhões que estava no caixa, para ser emprestado, que compunham os R$500
bilhões que a presidente Dilma tinha liberado para o BNDES, via endividamento
externo. Isto é, tomando a taxa mais alta do mercado de títulos públicos e
emprestando a uma taxa mais baixa para os grandes empresários.
A crise política, de se Temer sai ou se fica, associada ao
atraso das reformas e a saída de membro competente do governo, fez a agência de
risco Moody’s alterar ontem mesmo a perspectiva da economia brasileira de
estável para negativa.
Comentários
Postar um comentário