27/10/2016 - DÍVIDA PÚBLICA ACIMA DE RS3 TRILHÕES
O Tesouro Nacional, órgão ligado ao Ministério da Fazenda,
informou ontem que a dívida pública atingiu R$3,04 trilhões, em setembro. Desde
a independência CE 1822 que a dívida governamental é “uma bola de neve”. O
endividamento interno correspondeu no mês passado a R$2,878 trilhões, por volta
de 95%, enquanto os 5% restantes correspondem à dívida externa de R$126
bilhões. Neste século XXI a dívida é praticamente interna, dando mobilidade
para que o governo negocie pagamentos com os bancos em território nacional. Nos
séculos anteriores, a dívida era preponderantemente externa, o que obrigou o
Brasil a pedir nove vezes moratória mundial, sujeitando-se às exigências dos
países credores. Entretanto, investidores não residentes aplicam também seus
recursos na dívida interna, em torno de 15% dela, devido ao diferencial de
juros, dado que a SELIC está em 14% anuais e a inflação por volta de 8,5%,
dando um excelente ganho líquido. Portanto, os capitais estrangeiros ainda são
grandes aplicadores, em cerca de 20% da dívida bruta.
Para evitar ataque especulativo à moeda brasileira, a União
detém US$370 bilhões de reservas internacionais, ao câmbio de R$3,10,
corresponderiam a R$1,147 trilhão. Tais reservas se encontram aplicadas no
exterior, principalmente em títulos do tesouro americano, recebendo taxas
internacionais de juros, bastante baixas. Prejuízos altos, em relação ao que o
Brasil paga, que teoricamente poderiam ser evitados. Alguns sugerem até que o
País deveria abater (vender) as reservas, para ter uma dívida líquida de
R$1,925 trilhão. “É aí que mora o perigo”. Esgotando-se as reservas, poderia
haver ataque especulativo ao real, conforme aconteceu na era FHC, levando ele a
recorrer ao FMI. As reservas são um colchão, para garantir pagamentos
internacionais do Brasil. Uma ironia capitalista. Os bancos só emprestam a quem
tem dinheiro; os vendedores globais só fecham negócios se tem garantias em
dinheiro, depositadas internacionalmente. Hoje, as reservas pagariam mais de
três anos de importações. Trata-se de uma operação de “hedge”.
Tomando a dívida bruta, cada brasileiro teoricamente, nasce
devendo R$14.830,00. Tomando a dívida líquida seria de R$9.390,00 o débito de
cada um nacional. Para a maioria da população os números pouco significam.
Porém, o problema todo é que cada vez mais os pagamentos de principal
(amortização), dos juros e despesas da dívida comprometem o orçamento público,
hoje por volta de 50%. Assim, somente 50% ficam para fazer imensos gastos
públicos e ainda para realizar investimentos em infraestrutura. Precisando de
dinheiro, mais dívida faz o governo, à mercê dos banqueiros, que, por sua vez,
também captam dos rentistas e aplicadores financeiros.
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