03/10/2016 -DÉFICIT PRIMÁRIO DIFÍCIL DE DESAPARECER
A rigidez do corte dos gastos públicos é muito intensa, haja
vista que o presidente Michel Temer cortou bastante o número de ministérios,
mas eles não pararam de gastar, mais ainda do que antes, em razão de muitas
despesas contratadas, haja vista que não se desmobiliza ou racionaliza uma
máquina enorme da noite para o dia. Em seguida, a equipe econômica chegou à
conclusão de que deveria ter um teto das despesas, conforme a inflação e não
mais do que ela. Enviou ao Congresso, a PEC 241, há três meses sendo discutida
e parece que seria aprovada agora em outubro. A recessão, que começou no
segundo trimestre de 2014, aproxima-se de três anos seguidos. Com ela, veio
drasticamente caindo a arrecadação. Em consequência, o déficit primário tem
aparecido todos os meses e poderá ser maior do que em três anos decorridos.
Como o déficit primário não considera o pagamento das
despesas financeiras, a relação da dívida pública com o PIB saiu da casa dos
50% para 70% no período em referência. Referido rombo nas contas tem tomado por
volta de 2% do PIB. Se fossem consideradas as necessidades de pagamentos dos
juros da dívida, ter-se-ia o déficit nominal, hoje por volta de 10% do PIB. Não
sendo pagos a dívida pública cresce a galope intenso e pressiona mais ainda o
caixa governamental.
A PEC 241 tem forte oposição congressista no que se refere a
impor um teto para saúde, educação e outros gastos sociais. A esse respeito, o
governo está contornando, ora afirmando que não irá cortar os gastos de
investimentos e já admitiu que em 2017, referidas despesas ficariam sem o
citado controle.
O déficit primário deste ano já está por volta de R$170
bilhões. A arrecadação não sobe e a recessão ainda não chegou ao fundo do poço.
A expectativa é de que ela comece a recuperação econômica a partir do primeiro
trimestre de 2017.
Comenta-se que poderá haver uma surpresa para o próximo ano,
em face da grande arrecadação esperada com a repatriação de ativos, para ser
concluída até o final deste exercício, quando poderiam ingressar recursos da
ordem de R$80 a R$100 bilhões. Melhorada a arrecadação, o governo poderá fechar
as contas do ano que vem com pequeno déficit ou ligeiro superávit.
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