26/10/2016 - MODELO DE CONTROLE DE GASTOS DO GOVERNO
A PEC 241 é aquela que foi aprovada pela Câmara, em primeiro
turno e, ontem, em segundo turno, obtendo 259 votos a favor; 116 contra e 2
abstenções. Agora irá para o Senado. A PEC 241 irá trazer um novo modelo
econômico, agora baseado na redução do tamanho do governo federal, que cresceu
da casa dos 10% e alcançou a casa dos 20% do PIB nos últimos 50 anos. A
observação das contas nacionais é de que, depois do grande crescimento
econômico dos anos de 1970, a economia brasileira se estagnou pela própria
matriz econômica, baseada no petróleo, cujos preços foram para a estratosfera
naquela década. A inflação passou de 100%, em 1980. A saída encontrada nos anos
de 1980 foi a expansão dos gastos do governo, atitude claramente inflacionária.
Vários programas de estabilização foram aplicados, tais como Plano Dornelles,
de congelamento parcial; Plano Cruzado, congelamento geral; Cruzado II, pacote
fiscal; Plano Bresser, congelamento global; Plano Verão, congelamento global;
Plano Collor, congelamento global; Plano Collor II, último congelamento global.
Todos os referidos programas de estabilização fracassaram. Só o Plano Real, em
1994, deu certo. No entanto, os gastos do Estado continuaram crescendo. No
segundo governo de FHC, em 1999, adotou-se o modelo do tripé econômico de
superávit fiscal, câmbio flutuante e meta de inflação. Em 2014, retornou o déficit
fiscal, cujo tripé já vinha combalido, visto que o sistema de metas de inflação
ultrapassava o teto da meta. Em 2015, novo déficit fiscal e inflação estourando
em dois dígitos, em 10,7%, além de 50% de desvalorização cambial. Tripé
esfacelado. Em 2016, a presidente Dilma é afastada do governo por má gestão.
Portanto, mediante instalada forte recessão, o maior problema se tornou o
crescente déficit do governo, de 2014 a 2016, sendo previsto pelo governo para
continuar, pelo menos, em 2017 e 2018. Mas, sabe-se que é muito difícil o
déficit não continuar em 2019. A dívida sobre o PIB, pouco acima de 50% do PIB,
em 2010, já ultrapassou 70% do PIB, em 2016.
Contratada pela revista Exame, desta data, a Tendências
Consultoria fez projeções das despesas do governo central, em termos de PIB,
para dez anos, saindo de 20%, em 2016, quando está prevista a aprovação da PEC
241; 19,9% em 2017, inflação ficando dentro da meta, em 5%, começando a valer o
controle dos gastos; 19,4% em 2018, a economia voltará a crescer num ritmo mais
forte, com uma taxa de 2,7%; somente em 2022 estima a citada consultoria que
haverá superávit primário de 0,4% do PIB, sendo o último resultado positivo
alcançado em 2013; 17,4%, em 2024; 15,9%, em 2026, quando as regras poderão ser
revistas, conforme a referida PEC. Por seu turno, a dívida pública sobre o PIB
somente está previsto para estabilizar-se em 96% em 2024. O rigor das projeções
do modelo Tendências Consultoria parte de três anos consecutivos de recessão,
nunca vistos na história. Claro que há esperança de melhor mudança de curso.
Porém, outras variáveis terão de acontecer, tais como as reformas estruturais,
como a da Previdência, Tributária, Trabalhista, das Parcerias Público-Privadas
e melhora do ambiente geral de negócios.
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