22/10/2016 - MAIS UM INDICADOR GERAL DE PERCALÇOS DA RETOMADA
Em 2010, o Banco Central (BC) iniciou o cálculo de indicadores
proxies dos três setores produtivos, agropecuária, indústria e serviços,
retroagindo a 2003, objetivando antecipar a divulgação do PIB, calculado pelo
IBGE. A média deles chamou de Índice do Banco Central do Brasil (IBC-Br).
Anteontem, o BC anunciou o indicador cheio do mês de agosto de – 0,91%, em
relação a julho, que já tinha caído - 0,09%. No acumulado de doze meses se
chega a – 4,98%. Isto é, 5%. Um número bomba, principalmente se tratando de
órgão do governo federal, tradicional defensor ou apontador de bons resultados.
O citado índice é quase mais de 2% do
que o mercado financeiro está esperando (- 3,2%), de consultados semanalmente
pelo próprio BC, na pesquisa Focus.
Em agosto, o IBC-Br atingiu 132,78 pontos na série com
ajustes sazonais, pior resultado desde dezembro de 2009, quando marcou 131,22
pontos, único ano levemente recessivo da era de Lula (- 0,2%). Naquela época, o
governo lutava para diminuir os efeitos da maior crise global do capitalismo,
depois da Grande Depressão de 1929. Na atualidade, o governo tenta reverter a
recessão feita na economia doméstica desde 2014, já que a economia
internacional cresce acima de 3% ao ano, no período em referência. O anunciado
indicador revela a dificuldade do governo em promover a retomada, de forma
sustentável, da economia brasileira.
O IBC-Br de agosto é uma ducha fria naquelas projeções de que
a recessão tinha se exaurido no final de 2016. O Departamento Econômico do
Bradesco anunciou que irá reduzir a projeção que tinha feito de 1,5% para
abaixo de 1%.
A reversão (para cima) da reversão de expectativas atuais
(parta baixo) poderá ocorrer, para não fugir do modelo de decálogo. Primeiro, quando
a PEC 241 for aprovada e o Congresso aprovar outras reformas, que poderão ser
propostas por Temer, tal como a tributária. Segundo, quando a Petrobras for
desobrigada de cumprir 30% de inversões no pré-sal, que terá dinheiro para
outras inversões. Terceiro, quando as parcerias público-privadas forem
retomadas, por volta de R$30 bilhões, no próximo ano. Quarto, a repatriação de
recursos for R$50 bilhões ou mais. Quinto, o BNDES pagar ou não sacar os R$100
bilhões comprometidos. Os auditores do TCU já emitiram parecer favorável, resta
o plenário daquele tribunal. Sexto - for feita a reforma política, em análise
na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Sétimo - for aprovado o
projeto da reforma da Previdência. Oitavo - for aprovada a reforma do ensino
médio. Nono - for aprovada reforma trabalhista. Décimo - engrossar-se o
ingresso de capitais, vez que continua entrando mais do que saindo.
Já estão acontecendo as pequenas reduções dos preços dos
combustíveis, havendo espaço para mais, já que a Petrobras está se compensando
dos prejuízos da era Dilma, enquanto os preços do petróleo baixaram, com implicação
de redução inflacionária. Além do mais, os preços dos alimentos poderão não se
elevar, como ocorreram, neste ano, por conta da seca, também contribuindo para
redução da inflação. Logo, outra implicação direta será também reduzir a taxa
básica de juros. No conjunto, as resistências poderão ser quebradas, mas as
expectativas são de baixo crescimento em 2017, com melhoras para 2018.
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