13/10/2016 -DEPOIS DA TEMPESTADE
Ricardo Amorim lançou recentemente livro, intitulado por “Depois
da Tempestade”, que se refere ao ciclo econômico no Brasil, observando que,
depois de um período de baixa de taxas de crescimento, a economia se recupera e
cresce forte, a taxas por volta de 6% anuais. Reporta-se ao fato de que os
últimos três anos tem sido o período de menor desempenho da história que ele
consultou de 115 anos. De fato, três anos em negativo do PIB, já demonstra
perda acumulada da renda média nacional de mais de 7%. Há várias técnicas econométricas
de projeção. Não se vê razão para o otimismo de Amorim, ele está aproximadamente
extrapolando um grande momento da economia brasileira, semelhante aos anos de
1970. Na verdade, dois únicos períodos juntos de boom, o chamado “milagre
econômico”, de 1968 a 1973, quando a taxa média de crescimento anual alcançou 11,25%
anuais, ou ao período seguinte de seis anos, de 1974 a 1979, cujo incremento
anual foi de 6,77%. Em seguida, teve-se a “década perdida”, anos de recessão e
de baixíssimo crescimento. Mais de três décadas de baixo crescimento e de alta
inflação. Porém, daquela época para cá nunca mais se repetiu melhor desempenho
do que na era Lula (2003 a 2010), de taxa média anual de 4%. Aqui se crê que a
projeção de Amorim está excessiva, principalmente porque a equipe econômica, no
jantar de Temer do dia 9, no Palácio do Planalto com parlamentares, otimista
com a provável aprovação da PEC 241, de impor um teto para os gastos públicos,
estimou uma taxa média de crescimento de 2,5%. Na melhor das hipóteses,
extrapolaram 3,5%, considerando que são bastante fortes as amarras dos déficits
primários, que se prolongarão por pelo menos 5 anos (2014-2019). Convém lembrar
que no entorno dos anos de 1970, o grande crescimento ocorreu, mediante
endividamento externo do regime militar, de dinheiro abundante e barato, coisas
que não existem mais. Para o País reproduzir um crescimento continuado, sustentável,
como aconteceu no Japão, na Coréia do Sul, na China e na Índia terá que
concluir o ajuste fiscal, fazer a reforma tributária, previdenciária, trabalhista,
dentre outras, para retornar ao superávit, elevar a taxa de investimento
global, além de fazer uma revolução na educação, traduzindo-se, em resumo, na
elevação da produtividade. Plantas que poderão ser feitas com grande
obstinação. Enfim, se o País ingressar em crescimento continuado, de 1,6%,
projetado para 2017, de 2,5% para 2018 e se manter nele ou ligeiramente acima,
nos anos seguintes, quem sabe, poderá chegar ao virtuoso crescimento de países
emergentes que se tornaram ou se tornarão plenamente desenvolvidos.
Ricardo Amorim é consultor, apresentador do Manhattan
Connection da Globo News desde 2003, escreve mensalmente na revista Isto é,
sendo considerado como um dos 100 mais influentes economistas, segundo a
revista Forbes. Porém, já fez previsões que foram de espantar, tal como: “Aliás,
por ora, continuo mantendo a previsão que fiz em outubro de 2008, quando o
índice BOVESPA estava em 33 mil pontos, que até 2015 ele deveria chegar ao
patamar de 200 mil pontos”, conforme o livro “Guia politicamente incorreto da
economia brasileira”, de Leandro Narloch. O máximo do IBOVESPA foi de 73 mil
pontos em maio de 2008. No início do ano estava por volta de 40 mil e cresceu
cerca de 40% neste ano, agora a 60 mil pontos.
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