10/10/2016 - DISTRIBUIÇÃO DE RENDA PESSOAL FAVORECE SERVIDORES PÚBLICOS
Elio Gaspari, ontem, na Folha, retransmitido por jornais
brasileiros, intitula sua coluna de “Temer não é ilegítimo, é caótico”.
Apresenta dados do seu discurso e ele fazendo o contrário. “Ao pisar no
Planalto, Temer demitiu um garçom e agora vangloriou-se de ter extinguido ‘4,2
mil cargos de confiança’. Na realidade, em junho ele prometeu cortar os cargos
comissionados, mas entre junho e julho demitiu 5,5 mil servidores e contratou
7,2 mil”. Ora, sendo isto verdade, mesmo que a PEC 241 venha a ser aprovada,
segundo Gaspari, Temer continuará sendo gastador. Será? Hoje a PEC 241
ingressará em votação na Câmara. Depois, irá ao Senado, que terá de ser
aprovada pelo Senado, sem mudança, para que possa ser sancionada pelo
presidente da República. Por seu turno, o Estadão Conteúdo, São Paulo, traz
reportagem de que entre as dez categorias mais bem remuneradas do País, seis
fazem parte da chamada elite do funcionalismo público, tais como promotores,
procuradores, juízes e donos de cartórios. O estudo publicado pelo jornal foi elaborado
pelo pesquisador José Roberto Afonso, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia
da FGV, mediante análise do relatório dos “Grandes Números”, divulgado pela
Receita Federal sobre as declarações do imposto de renda de 2015, baseado em
2014. O documento traz informações de 27 milhões de pessoas, distribuídas em
133 categorias profissionais. Dessa forma, foi possível, por ele estimar que os
brasileiros que declaram imposto de renda ganharam, em média em 2014, R$87 mil.
Acima deste valor estão 58 categorias; abaixo estão 77.
Quem ganha mais dinheiro no Brasil são os titulares de
cartórios, instituição híbrida entre o setor público e o setor privado. A média
de rendimentos anuais de um dono de cartório é de R$1,1 milhão. Os ganhos dos
9.409 donos de cartórios somam mais de R$11 bilhões. Para fins comparativos, o
faturamento da maior cervejaria brasileira, a AMBEV chega a R$12 bilhões. Justamente,
os cartórios que burocratizam em demasia o péssimo ambiente de negócios
brasileiro. Em seguida, vem promotores e procurados do ministério público,
ganhando média anual de R$530 mil; juízes e integrantes dos tribunais de contas
mais de R$500 mil; diplomatas, em média anual de R$330 mil.
Três categorias do setor privado estão entre as dez com maior
rendimento, com base no citado relatório. Médico lidera remuneração com R$305
mil por ano. Piloto de avião com R$250 mil e atleta com R$219 mil. Os donos e
altos executivos, cerca de 707 mil dirigentes, têm grande parte dos ganhos como
rendimento não tributável, tais como lucros e dividendos. O valor dessa isenção
fiscal é de R$214 bilhões. Por isso, na relação citada, o dirigente empresarial
tem rendimento médio anual de R$138 mil, aparecendo em 30º lugar como
categoria. O dado demonstra também como injusta e muito desigual é a tributação
brasileira.
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