25/02/2016 - ÚLTIMO SELO DE BOM PAGADOR
Há três agências de risco
consagradas pelas instituições capitalistas, que recomendam financiamentos
internacionais, para grandes empresas e países. A maior certificadora mundial,
a Standard & Poor’s (S&P) retirou o selo de bom pagador do Brasil, em
setembro de 2015. Cinco meses depois, a S&P rebaixou mais uma vez. A nota
foi reduzida no dia 17, passado, de BB+ para BB, tendo a S&P apontado
perspectiva negativa da economia nacional. A segunda maior certificadora, a
Fitch, retirou o grau de investimento, no final do ano passado. Isto é, colocou
o país como local de especulação de capitais. A terceira maior certificadora, a
Moody’s, ontem, rebaixou dois graus de vez, retirando a sua garantia de que o
Brasil não daria calote, possibilidade temida pelos capitalistas, visto que
geralmente em moratórias costumam perder, seja de juros seja de principal, dos
seus créditos. A nota Ba2 é ruim e ainda o País foi colocado em perspectiva
negativa, de rebaixar ainda mais a citada nota. Conforme a Moody’s, um dos
motivos que levou ao rebaixamento foi à deterioração dos indicadores da dívida
brasileira, em ambiente de baixo crescimento, projetando-se um salto no
endividamento dos últimos três anos, da casa de 50% do PIB, para 80% do PIB,
para os próximos três anos. A Moody’s também citou as “dinâmicas políticas
desafiadoras”, que devem continuar dificultando esforços de consolidação fiscal
e atrasando reformas estruturais. Vale dizer, mediante choques macroeconômicos
e de disfunção política mais profunda, na linguagem da citada agência. Na
verdade, o que as referidas certificadoras estão a dizer é que a atual gestão
do País tem sido incompetente em propor uma agenda econômica, frustrando o
retorno do crescimento, além de incompetência política, agravada neste segundo
mandato.
Assim, depois de oito anos, o
País perdeu o último selo de bom pagador, que ainda tinha, não obstante alerta
dos economistas nacionais e internacionais, dos equívocos da política
econômica, influenciada pela presidente Dilma, os quais levaram a economia
brasileira à recessão. Em suma, o governo federal age como o perdulário, que
gasta muito mais do que arrecada, descobrindo-se, torna-se fragilizado. Ao
invés de corrigir, persiste em erros seriais e desagrada os investidores, que
se retraem, tendo aqueles grandes capitalistas, ao invés de investir, fazem
caixa, aplicando dinheiro nos títulos públicos, que lhes rendem 14,25% de juros
médios nacionais, os maiores do mundo, em termos reais. Isto é, descontada a
inflação. A principal consequência é que o desemprego continua crescente,
retraindo consumidores. O ciclo econômico continua em parafuso, no sentido da
ponta à cabeça.
O último erro deste desgoverno se
deve ao fato de que o Ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, declarou que iria
estimular o crédito dos bancos oficiais, principalmente para estimular a
construção civil. Hoje, no entanto, a Caixa Econômica Federal declarou que já
gastou todo o dinheiro do orçamento anual, em dois meses, relativo à linha pró-cotistas
do FGTS, frustrando milhares de operações de crédito em andamento. As notícias
da política econômica que mais ocorrem são das contradições entre a ação e a
prática. Nessa toada, a crise continuará se aprofundando.
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