03/02/2016 - PRESIDENTE VAIADA NO CONGRESSO




Fato incomum um presidente da República ser vaiado na abertura do Congresso, conforme aconteceu ontem com a presidente Dilma. O principal motivo foi a sua defesa da recriação da CPMF, mesmo se referindo que ela será temporária e será divida com Estados e Municípios. Há cerca de 5 anos a presidente se declarava contra a CPMF. O caráter contraditório presidencial tem provocado reações de desconfiança, interna e externamente ao País. Externamente, demonstrada pelo FMI, quando projeta recessão continuada no Brasil, prevendo – 3,5% para este ano e crescimento zero em 2017, bem como demonstrada pelas grandes agências internacionais de risco Standard & Poor’s e a Fitch, que rebaixaram a nota brasileira, considerando o Brasil como de investimento especulativo. Internamente, a equipe econômica se demonstra incapaz de sair do atoleiro em que se meteu. No início do seu segundo mandato, prometeu um ajuste fiscal, devido ao fato de ter apresentado déficit primário em 2014. Não fez o ajuste correto e piorou ainda mais as contas brasileiras, colocando o Brasil em forte recessão, em 2015. O déficit primário pulou para R$115 bilhões. Mudou o Ministro da Fazenda, mas continua mandando na economia, visto que no dia 27 passado, reuniu lideranças empresariais para anunciar um pacote de crédito de R$83 bilhões, através de bancos públicos. Ontem, na abertura do Congresso, repetiu o pacote, recriação da CPMF, reforma previdenciária e apoio para governo. Vaiada oito vezes no referido evento.

O crédito oficial será direcionado para habitação, infraestrutura, pequena e média empresas. Difícil acreditar nela, de que sairá da recessão, conforme, por exemplo, declarações ao jornal FSP, de requisitados analistas. Para Octávio de Barros, economista-chefe do Bradesco: “É meritório o esforço de reverter a crise e não vejo impacto fiscal negativo. Mas, só a retomada da confiança vai impulsionar demanda por crédito”. Para Sérgio Vale, economista da MB Associados: “O pacote é uma reedição da nova matriz econômicas, com medidas de oferta do crédito, feitas à exaustão no primeiro mandato de Dilma e que não deram certo”. Para Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos: “Qualquer medida fica comprometida, quando a economia está bagunçada. É difícil demandar crédito, quando não se sabe para onde vão câmbio e juros”.

“A maré não está para peixe” mesmo. Os informes negativos continuam. O IBGE já tinha anunciado, na semana passada, que o salário médio de 2015 recuou pela primeira vez em 11 anos. Ontem, ainda, o IBGE divulgou que o setor industrial recuou 8,3%, no ano passado. Já tinha recuado 3% em 2014. Já a previsão semanal do boletim Focus, do Banco Central, é de – 3,5%. Somente em março é que será anunciado o PIB de 2015. Porém, não virá nada bem, visto que o decremento do setor industrial, ora divulgado, compõe o PIB.

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