17/02/2016 - APONTAR A SAÍDA
A questão de apontar a saída
muito difícil não tem sido nem tangenciada pela atual equipe econômica que tem
querido a saída fácil. Para o atual quadro brasileiro em que o PIB, embora
ainda não divulgado o de 2015, espera-se por volta de - 4%, assim como – 4%
será a estimativa de repetição de 2016, deixando o biênio com forte recuo de
8,16% (não é somando 4+4). A saída tem que ser brilhante. A esse respeito, será
reproduzido grande parte do artigo do consagrado economista Antônio Delfim
Netto, na FSP de hoje. Título: “Lucidez”. Início: “Talvez o mais difícil
problema que resolvemos foi o processo inflacionário quando ele atingiu o
paroxismo no governo Collor. O seu sucessor, Itamar Franco – uma personalidade
mercurial -, realizou um governo de boa qualidade: 1) crescimento médio de 4,9%
em 1993-1994; 2) superávit primário de 5,6% do PIB em 1994 e 3) negociou a
dívida externa que se arrastava por anos. Com isso construiu as condições
internas e externas para um bem sucedido programa de estabilização monetária.
Iniciado pelo ilustre ministro da Fazenda Rubens Ricúpero e terminado por
Fernando Henrique Cardoso (que com ele se elegeu presidente), será sempre
lembrado como um corajoso e ousado ato político de um modesto presidente que
incorporou e executou o Plano Real, uma fina joia que honrará para sempre os
economistas que o conceberam. Estamos hoje numa situação parecida. O desequilíbrio
fiscal em que nos metemos não será resolvido sem uma retomada do protagonismo
do Poder Executivo e da volta do crescimento”. O artigo prossegue, mas o que se
vê é a necessidade de um verdadeiro plano de governo, que promova as reformas
estruturais, atraia os investimentos privados, restaure a confiança dos
consumidores, reestruture a dívida pública e promova superávit fiscal. Enquanto
isto, as perspectivas continuam sendo ruins. Já há órgãos de cenários,
apontando um sofrimento ainda maior da economia interna, de recuou do PIB
doméstico em 5,6% em 2016, sendo salvo pelo bom desempenho do setor externo,
ajustando a queda ora estimada para 4% do PIB neste ano.
A problemática não foi
equacionada porque a presidente da República sempre precisou de bons artífices
economistas, mas se utilizou de três condutores deles, sendo o primeiro, Guido
Mantega, que não “mandava” bem, já que quem “mandou” bem com Lula foi o
presidente do Banco Central de então, Henrique Meirelles. Chegando ao déficit
primário de 2014, a presidente mudou o condutor, a semelhança do Meirelles de
Lula, o ortodoxo Joaquim Levy, que fracassou no ajuste fiscal, dado que a
presidente não lhe proporcionou as condições. Substituído o ministro da
Fazenda, por Nelson Barbosa, em três meses, ainda não “disse” a que veio e a
economia continua caminhando para o fundo poço. As questões que se colocam
agora são: será que ele encontrará a fórmula “mágica” (mas científica) dos
formuladores do Plano Real? Está bem difícil de acreditar. Ou, será que se terá
a mudança necessária de rumo, mediante uma agenda verdadeiramente positiva? Ou,
será que se precisará de um novo presidente? A mudança virá. Antes do Plano
Real (1994) existiram o Plano Cruzado, o Plano Cruzado II, o Plano Bresser, o
Plano Verão, o Plano Collor, o Plano Collor II. Todos fracassaram e serviram de
ensinamentos para o êxito do Plano Real.
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