30/04/2015 - DESEMPREGO SE ELEVA COM RECESSÃO




Para Karl Marx, o capitalismo precisa de um nível elevado de desemprego, para que as pessoas, assim, procurem emprego, aceitando menores salários, o que para ele definiria uma escala da taxa de exploração. Quanto maior o desemprego, maior a taxa de exploração. Para Keynes, “a incapacidade da economia em atingir o pleno emprego e a desigual distribuição de renda são os dois maiores males que vivemos”. Para os neoclássicos, o modelo de pleno emprego é o ideal, sendo pequeno nível de desemprego, menor do que 5% da população ativa, é o melhor que possa existir, é o caminho para atingir o desenvolvimento econômico.

O IBGE tem duas formas de medir o desemprego brasileiro, através do Cadastro Mensal de Desemprego e Emprego, o que abrange o mercado formal, sendo a medida de desocupação nas seis principais regiões metropolitanas, além de coleta de dados mais abrangente, através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), que entrevista cidadãos em 3.500 municípios. A taxa da primeira tem sido menor do que a da segunda, sendo invariavelmente usada pelo governo federal para creditar-se de que estaria realizando boa gestão, o que foi verdade até o ano passado, neste aspecto. Neste ano, a situação reverteu-se e a citada taxa vem crescendo mês a mês, como é próprio da recessão. Nas citadas regiões metropolitanas, em março, a média de desocupados chegou a 6,2%. Em março de 2014 era de 5,1%. A elevação entre esses dois meses foi de 23,1%. Trata-se do mesmo número de março de 2012, sendo pior taxa mensal desde maio de 2011, que foi de 6,4%. Em fevereiro deste ano era de 5,9%. A alta do desemprego ocorreu em ritmo maior no Nordeste. A região metropolitana de Salvador apresenta a maior média de desocupação, atingindo 12% em março, uma taxa muito desconfortável, sendo a maior para o citado mês desde 2008. Na região metropolitana de Recife a referida taxa alcançou 8,1%, nível mais elevado para o mês desde 2009. O Nordeste é o mais dependente dos serviços públicos. Assim, se há recessão no setor público, os Estados do Nordeste sofrem mais. Em decorrência direta da elevação da taxa de desocupação, o IBGE calculou um recuo de 2,8% na renda média real dos trabalhadores, em março perante fevereiro. Na região metropolitana de Salvador o recuo da renda média alcançou 6,8%, no mesmo período. A taxa da PNAD Contínua tem sido muitas vezes maior.

Ontem, o Banco Central elevou mais uma vez em 0,5% a taxa básica de juros da economia, a conhecida SELIC, agora em 13,25% anuais. Trata-se da quinta elevação consecutiva, em busca de controlar a inflação. Associado a isso, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy também ontem esteve na Comissão de Finanças do Senado, referindo-se que a aprovação das medidas de ajuste fiscal são indispensáveis, sem as quais o Brasil corre o risco de perder o grau de investimento. Portanto, este semestre está parecendo o mais dramático deste ano praticamente garantido como recessivo. Segundo o FMI: “O Brasil está passando por uma desaceleração mais grave em mais de duas décadas, mas terá de perseverar com os recentes esforços para conter o aumento da dívida pública e repor a confiança no quadro da política macroeconômica”. Em síntese, também ontem, na grande imprensa, Miriam Leitão, em seu artigo diário concluiu: “O governo Dilma está na estranha situação de tentar corrigir o que ela mesmo fez no mandato passado”. Isto é, corrigir a burrice, entre outras, de reduzir abruptamente, em um ano, a taxa SELIC em 5%, colocando-a em 7,5% anuais, tendo depois de voltar a elevá-la, agora estando em 13,25% ao ano, assim como ter baixado a conta de energia elétrica em média em 17%, em 2012, elevando-a em 2013, 2014, e em 2015, em patamares superiores a 60%, em diferentes Estados. Esta última é a que tem impulsionado a inflação deste ano, em nível superior a 8% ao ano.

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