28/04/2015 - RECESSÃO DELIBERADA
A recessão deste ano foi
deliberada em novembro passado e começou no primeiro dia deste segundo mandato
pela atual equipe econômica, dirigida pelo ministro da Fazenda, ministro do
Planejamento e presidente do Banco Central. Aqueles mesmos que decidem nas
reuniões fechadas do Conselho Monetário Nacional, órgão máximo desde 1964. Somente
vem a público o que eles querem fazer. Nelas, mensalmente se acompanham a meta
da inflação, a situação das reservas internacionais mais o câmbio e o resultado
de caixa do Tesouro Nacional. Como foi deixado o primeiro mandato? Inflação em
alta, dólar em alta e déficit primário. Para este último, escolhido como mais
urgente, começou-se o ajuste fiscal, cortes de despesas do governo e elevação
de tributos; para a elevação do dólar, maior uso de reservas para contê-lo e
fazê-lo recuar, como está acontecendo depois de vários meses; para a inflação,
aumento da taxa básica de juros, já na quinta elevação e ela se acomodou por
volta de 8%. Provavelmente, não passará deste patamar de 8% nestes 2015. Todas
as medidas enxugam ou reduzem a quantidade de moeda em circulação, medidas
claramente recessivas.
Decorrentes das políticas
monetária, cambial e fiscal combinadas, os bancos federais restringiram suas
atuações. Primeiro, elevaram as taxas de juros, o que é inibidor da tomada de
crédito. Em seguida, o BNDES deixaria de contar com novos aportes de dinheiro
advindos do caixa do Tesouro. Servirá menos para financiar as parcerias público-privadas
das novas concessões, as quais terão de lançar debêntures. O Banco do Brasil
contingenciará o crédito e as projeções de financiar o PAC estão 31% menores. A
Caixa Econômica Federal contingenciará o crédito habitacional. Ontem mesmo,
determinou que o financiamento de imóveis usados somente fosse de 50% e não
mais de 80%, a partir de maio vindouro. Veladamente, dificultam o crédito para
reduzir o nível de atividade econômica.
Os resultados da recessão virão
com criação menor de postos de trabalho neste ano, provavelmente a menor em
vinte anos. A indústria continuará recuando; comércio/serviços já dão fortes
mostras de retração; somente o agronegócio continuará crescendo. Como o PIB
será negativo, as quedas dos setores industrial e terciário serão bem grandes. Portanto,
a situação ficará mais difícil para o conjunto da população brasileira como um
todo.
Durante o primeiro mandato de
Dilma, ela não conseguiu dar seguimento ao crescimento econômico feito na era
Lula. No segundo mandato, ela abandonou o receituário do PT, ela está fazendo
ao contrário programático e eles (do PT) são contra o ajuste do ortodoxo
Joaquim Levy. Segundo Ricardo Noblat, em sua coluna de ontem nos principais
jornais, intitulada “Lula e seu destino”, o autor comenta que o vídeo de Lula,
fazendo ginástica e pegando peso, é de quem diz ter saúde para encarar as
próximas eleições. Em seguida ele deduz: “Lula reprova o governo monotemático
de Dilma, que há mais de 100 dias só valoriza o ajuste fiscal como meio de por
em ordem as contas públicas. O governo só conseguirá enfrentar o mau humor dos
brasileiros se for capaz de criar notícias positivas. Ou novas utopias como
prefere Lula”. Enfim, Dilma continua não agradando e parece que o seu segundo
mandato terá ainda pior desempenho econômico do que o primeiro mandato, a não
ser que realize as reformas econômicas e volte ao bom nível de crescimento
econômico.
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