19/04/2015 - CENÁRIOS ECONÔMICOS




O planejamento econômico nasceu em 1917, quando a Revolução Russa fez o seu Plano Decenal. A luta da União Soviética era para resolver as necessidades básicas da economia, perante a miséria, a fome, as doenças e a energia para vencer principalmente as baixas temperaturas, os transportes, as comunicações e só depois os bens supérfluos. Os soviéticos compuseram um grande bloco de países depois da segunda guerra mundial. Por outro lado, o bloco capitalista enfrentou a sua maior crise de realização, em 1929, chamada de a Grande Depressão. Assim, depois de 1945, os dois blocos passaram a fazer planejamento econômico. O bloco socialista com um planejamento de estatismo dirigido; o bloco capitalista de planejamento incentivado pelo Estado. O grande ideólogo do segundo bloco foi John Maynard Keynes, que escreveu o livro clássico “Teoria Geral” (da Economia), onde propugnava a gestão econômica através das políticas monetária, cambial, fiscal, mediante intervenção do Estado, quando fosse necessário corrigir as distorções dos mercados, para retornar ao crescimento. O planejamento virou moda dos anos de 1940 até os de 1970. Porém, os choques do petróleo de 1973 e 1979, tornaram inconsistentes estabelecer metas econômicas de longo prazo, visto que a matriz capitalista estava e ainda  está centrada na energia do petróleo. Um blecaute poderia acontecer a qualquer momento e o exercício da política econômica se tornou de curto prazo, baseado no modelo das expectativas racionais, enunciado por Keynes e desenvolvido por uma série enorme de econometristas.

Há todo tipo de cenário. Entusiasta, otimista, pessimista, realista, estatizante, privatista, estruturalista, seja lá que nome tome. Um deles, o de Luiz Carlos Mendonça de Barros, em sua coluna quinzenal de anteontem, no jornal Folha de São Paulo, intitulada “O cenário de fim de mundo”, afirma que analistas de fundos de investimento internacionais se equivocam em pensar que o Brasil poderia ser uma Venezuela. Segundo ele: “Esse risco ocorreu em 2010, quando o apoio popular a Lula permitiria uma mudança nas regras constitucionais e a construção de um regime centrado no poder popular e nas ruas... uma série de mudanças recentes no governo da presidenta Dilma caminhava na direção de uma governabilidade mais estável... a recessão que se instala na economia, neste início de 2015, é a solução fora da meta e não um problema em si. E citei a recuperação expressiva dos preços de alguns ativos brasileiros nas últimas semanas como um sinal de que a racionalidade política volta lentamente entre alguns agentes do mercado... o período de vida útil do governo vai até maio ou junho do próximo ano, quando as eleições municipais de outubro de 2016 já estarão modelando o debate político no Brasil... A economia vai caminhar na direção de menor presença do governo nos mercados e respeito maior ao metabolismo natural de um capitalismo mais eficiente. Já a sociedade civil se estruturará fora da proteção excessiva do Estado, na medida em que, nestes anos todos do governo do PT aumentaram de forma importante o número de brasileiros que dependem mais do seu trabalho e de uma cesta de serviços de origem privada, e menos do governo protetor”. Está claro que o modelo de Mendonça é privatista (o do PSDB). O adotado pela primeira gestão de Dilma era estatizante (o do PT). O que se vê agora é a procura por um meio termo entre os dois, sendo a economia do segundo mandato dirigida por um privatista e a política pelo um conciliador, Michel Temer do PMDB. Qualquer que seja a forma encontrável, o Brasil deseja um crescimento virtuoso.

 Na verdade, o ciclo econômico desde os anos de 1950 (forte crescimento), passando pelo dos anos de 1960 (com anos de recessão), de 1970 (altíssimo crescimento), de 1980 (vários anos de recessão), de 1990 (estabilização e crescimento), de 2000 (bom crescimento), de 2010 (baixo desempenho e chegou a atual recessão), não permitiram ainda ao Brasil um longo período de crescimento sustentável, a exemplo de países que deixaram de ser emergentes e se tornaram desenvolvidos, tal como o Japão, a Coréia do Sul e, nessa direção atual, vai a China.

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