16/04/2015 - ARGUMENTO FALSO DA CRISE EXTERNA
O Fundo Monetário Internacional
(FMI) já tinha antecipado previsões na semana passada. Nesta semana, em
Washington, manteve sua estimativa de crescimento econômico mundial de 3,5% em
2015 e de 3,8% em 2016, devido ao bom crescimento dos Estados Unidos, de alguns
países da Europa, da China e da Índia, estes, crescendo por volta de 7% anuais.
O FMI rebaixou a previsão brasileira de 0,3% para – 1% neste exercício. A
Venezuela retrocederá 7% na estimativa deles. Brasil e Venezuela puxam para
baixo a estimativa da América Latina de crescimento de 0,9%. Portanto, no
discurso da presidente todas as vezes que tem se dirigido as contas públicas
deterioradas, sua explicação é de que o motivo é a crise externa. Não é. Pelo
contrário, o motivo é da má administração da economia doméstica, em face dos
resultados pífios apresentados e conforme o atestado do FMI, que costuma ser
conservador em suas perspectivas. Para o FMI, o Brasil encolhe pela corrupção
encontrada na Petrobras, com efeitos de redução da atividade econômica; pela
queda das commodities que o País exporta, tais como minério de ferro; pela
espera do ajuste fiscal com seus efeitos. Mas, o FMI também reitera que o
Brasil vai piorar, para depois melhorar. Já no caso da Venezuela existe uma
convulsão social e queda muito forte no petróleo que exporta. Lá está um caos.
Outrossim, a Organização Mundial
do Comércio (OMC) mostrou que o Brasil em 2014 apresentou a maior queda nas
exportações entre as 30 principais economias do mundo, caindo na classificação
dos maiores vendedores e perdeu participação no comércio internacional. Pior,
projeta a OMC que a situação da balança exportadora do País continuará a sofrer
retrações tanto em 2015 como em 2016. Dentre 30 países analisados, o Brasil
está em 25º lugar, superado por Tailândia, Suíça e Malásia. Em 2013, o País era
o 22º maior exportador mundial, participando com 1,3% das transações
internacionais. Hoje representa 1,2% do comércio global, em 25º. Enquanto a
média mundial cresceu 1%, o Brasil reduziu em 7% as suas exportações. No ano
passado aconteceu o terceiro ano seguido em que as exportações brasileiras não
cresceram. Para o diretor geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevedo: “O Brasil
sofreu com a queda dos preços das commodities”. Ora, a economia é cíclica. Na
década passada a era de Lula foi por demais beneficiada com elevação das
matérias primas e o País cresceu acima de 4%. A lição a retirar disso é que o
País precisa realizar logo as reformas, principalmente a tributária e a da sua
inserção no comércio internacional.
O Banco Central (BC) divulgou
ontem o seu indicador mensal, que é uma prévia do crescimento do PIB, afirmando
que o IBC-Br cresceu 0,36%, em fevereiro. O número veio muito acima das
estimativas dos economistas do mercado financeiro, inclusive, os consultados
semanalmente pelo BC, que esperavam uma retração de 0,2% no indicador, já que preveem
para este ano um PIB se diminuindo em 1,0%. A surpresa positiva do mês em
referência pode amenizar a trajetória de queda das estimativas recessivas deste
ano. Por seu turno, o anteprojeto da Lei de Diretrizes e Bases (LDO), enviado
ontem ao Congresso, prevê – 0,9% de decréscimo no PIB em 2015 e crescimento de
1,3% em 2016. Quer dizer, referido anteprojeto está refletindo o que estima os
principais analíticos econômicos consultados pelo BC; ajuste fiscal neste ano
com recessão; crescimento pequeno no próximo ano e esperança de que melhor
nível de incremento do PIB acontecerá em anos futuros. A atual equipe econômica
faz projeções mais realistas do que a equipe anterior do primeiro mandato da
presidente e não coloca a culpa do desempenho ruim até meados desta década na
crise externa.
Comentários
Postar um comentário