27/04/2015 - REDUÇÃO DOS INVESTIMENTOS DA PETROBRAS IMPACTARÁ – 1% DO PIB
Redução dos investimentos da
Petrobras impactará em – 1% do PIB em 2015. O cálculo é da Fundação Getúlio
Vargas de que seja, pelo menos, este número. A previsão das inversões da
estatal para este ano recuou em 20%. Em 2014, a Petrobras investiu US$35
bilhões. Neste ano, as inversões serão de US$29 bilhões. Para 2016, a projeção
é ainda menor, de US$25 bilhões. Portanto, para o Brasil voltar a crescer, dependerá
menos do efeito multiplicativo (inversões estatais). Terá mesmo que incentivar
mais os empresários em fazer novos investimentos. A equipe econômica tem como
compromisso fazer o ajuste fiscal, para que o Tesouro Nacional apresente
superávit primário, visto que no ano passado aconteceu um déficit do Tesouro depois
de 18 anos. O superávit fiscal tem como objetivo pagar parte dos juros da
dívida pública e a outra parte dos juros será rolada. Referido ajuste fiscal
está afetando fortemente o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que era
até o ano passado preservado e neste exercício terá cortes de 31%, visto que as
inversões cairão dos previstos R$65,6 bilhões para R$45,3 bilhões. Cumpria à
Petrobras alavancar 30% dos investimentos do PAC. Não tem condições de levar à
frente. Essa tarefa será cumprida, por enquanto, pelo pacote de concessões, que
prevê leilões de três aeroportos, Porto Alegre, Florianópolis, Salvador, bem
como de quatro rodovias e de uma extensão da ferrovia Norte-Sul, em parcerias
público-privadas. Mas, o financiamento não será de bancos federais, objetos
também do ajuste fiscal. Será feito pela emissão de debêntures. A gestão
econômica que se ensaia é privatista. Porém, os leilões estão previstos para
início de 2016. O fato é que a recessão deste ano está mesmo instalada. O Banco
Central prevê recuo de – 1% do PIB. A consultoria do economista Gesner Oliveira
prevê – 1,5% do PIB. O professor Jorge Arbage, da Universidade de Brasília,
projeta – 2% do PIB. Na reunião do dia 25 passado, da presidente com 14
ministros, a equipe econômica afirmou que se firmará uma agenda positiva, na
tentativa de estimular investimentos e a arrecadação. Sente-se ainda uma falta
de ânimo para fortalecer a iniciativa privada.
Voltando à
Petrobras, desde o fim do ano passado, 23 fornecedoras estão impedidas de ser
contratadas e de participar de suas licitações. Várias outras fornecedoras
estão atingidas pela contenção de gastos da petrolífera. O número de empregos
diretos e indiretos da estatal se reduziu em 17% em um ano. A indústria naval
projeta a demissão de mais de 40.000 pessoas. No global, como resultado das
apurações dos desvios de dinheiro na estatal, a Fundação Getúlio Vargas estima
o corte de cerca de um milhão de postos de trabalho. Em resumo, a recessão
instalada é possível ser percebida por todos. O Brasil é uma União, mesmo com
regionalismos, os efeitos encadeados da União são sentidos fortemente. Não
somente pela carestia, que não deverá continuar tão grande, depois do ajuste
fiscal e é para isso que ele também está sendo feito, devendo o governo federal
fazer as reformas econômicas imprescindíveis à volta do crescimento econômico.
A lição é esta. Na América Latina, o Chile fez há duas décadas. No Peru vez há
cerca de dez anos. Todos cresceram e estão crescendo a taxas mais elevadas do
que o Brasil há muito tempo. Adianta insistir: o Brasil precisa de um
planejamento econômico de longo prazo, seja lá com que nome tenha. Agenda
Brasil, PAC Geral, Plano de Novo Brasil (não confundir com o Plano Brasil Novo
de Collor, o maior desastre da história, quando o PIB recuou – 4,35%). Enfim,
que a recessão seja breve e não chegue a um desastre. Perto de 2% já será muito
ruim. O Planejamento (com P maiúsculo) precisa voltar.
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