09/04/2015 - AUMENTO DO DÓLAR NA PETROBRAS E A INFLAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA
A alta do dólar tem diferentes
repercussões entre passivos, variando de 30% a 40%. No caso da Petrobras,
elevou-se a dívida da estatal em 31%. O pior, no particular, não é isto, é o
fato de que a Petrobras perdeu no mês passado o grau de investimentos. O
significado disto é que não somente ficou mais escasso o crédito como se tornou
mais caro. Os problemas da Petrobras com o escândalo da operação Lava-Jato aumentaram
ainda mais quando o último balanço de setembro teve auditoria recusada pela
Price (PwC). Ademais, o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) estimou que o
indicador de alavancagem da companhia está muito alto, em 51%, máximo da
história, o qual indica a fragilidade financeira da empresa. Mantidas as parcelas da dívida da estatal em
moeda estrangeira, ela saiu de 41% para 51%. O ideal seria de 35%, segundo seu
conselho de administração. Conforme o planejamento estratégico da companhia, com
base em junho de 2014, a previsão da alavancagem cairia de 42,3% para 33% em
2017. A Petrobras reconhece uma dívida líquida de R$262 bilhões, em seu balanço
provisório de setembro. A variação cambial entre outubro e março poderia elevar
para cerca de R$360 bilhões, segundo estimativa do CBIE. A dívida em dólar da
empresa é de 31% do total. O dólar se valorizou de R$2,45 para 3,20, por volta
de 31%. O real também se desvalorizou em relação ao Euro. A Petrobras espera
divulgar o balanço auditado de 31-12-2014 até o final deste mês.
Entretanto, o aumento do dólar
não tem sido o principal vilão da inflação deste ano. Este tem sido o reajuste
da conta de energia elétrica. Somente no mês de março o a elevação da conta de
luz subiu 22%. Em um ano, até março, alcançou 60%, levando a maior taxa inflacionária
em vinte anos. Ontem foi divulgado o IPCA de março de 1,32%, somente menor do
que aquele acontecido em março de 1995, de 1,55%, enfoque de maior taxa, sendo
o maior indicador mensal desde dezembro de 2003. A elevação da energia
representou 54% do aumento do IPCA de março. Agora, a inflação anualizada está
em 8,13%. O outro grande vilão neste ano tem sido a inflação de alimentos,
puxada pelo efeito do aumento do trigo, refletindo a elevação do dólar, bem
como das frutas (tomate, banana) e das verduras, refletindo a seca e a escassez
relativa da época. Outras pressões inflacionárias acontecem nos custos
empresariais e das famílias, devido às altas taxas de juros e elevação de
tributos.
Em suma, quando a economia brasileira
atravessa fase de recessão, maior é a inflação e vice-versa. Ou seja, a demanda
fica maior do que a oferta de bens e serviços, sendo o resultado equilibrado pela
elevação no nível geral de preços, que é o conceito de inflação. Esta inflação
é de cunho monetário, visto que mais dinheiro é preciso para adquirir bens e
serviços. Portanto, a equipe econômica adquire o maior realce administrativo,
na medida em que precisa manter o tripé da economia, baseado na política
monetária, cambial e fiscal. O preocupante é que os agentes econômicos procuram
recuperar suas margens, o que se traduz em ciclo inflacionário, que precisa ser
quebrado. O governo está fazendo logo os reajustes retardados de combustíveis,
energia elétrica, correios (elevação de serviços em 9,32%), dentre outros
preços administrados, esperando-se que se esgote logo o estoque de maldades desses
preços, assim como pare até o final do ano a elevação dos juros básicos feita
Banco Central, para, lá na frente, em 2016, voltar a reduzi-la. Portanto, a
economia tem piorado, para depois melhorar. Logo, o ajuste fiscal é recessivo,
esperando-se a volta do crescimento em 2016.
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