29/04/2015 - ATAQUE MONETÁRIO ESPECULATIVO
Conforme se deduz da teoria
econômica, duas grandes esferas se interagem no sistema econômico, à semelhança
das esferas cerebrais. Na economia, trata-se da esfera produtiva e da esfera
monetária. Quando um país tem uma moeda fraca, ele está sujeito a ataques
especulativos temporais, visto que, nas relações de troca externas, a nação
monopolista exige moeda forte. As moedas brasileiras, em torno de dez tipos na
história, sofreram ataques especulativos em quase cinco séculos. O Plano Real
introduziu a moeda Real, uma moeda forte, no final do governo de Itamar Franco,
sendo FHC o seu ministro da Fazenda. Por sua gestão foi eleito presidente da
República. No seu primeiro mandato (1995-1998) o real se manteve valorizado,
mas as reservas internacionais não deram para segurar os pagamentos externos.
Portanto, o Brasil teve de recorrer aos empréstimos do Fundo Monetário
Internacional (FMI), para que não houvesse ataque especulativo ao Plano Real.
Como resultado final logrou baixas taxas de crescimento, dado que o receituário
do FMI é sempre recessivo. Mas, o Brasil tinha seus fundamentos econômicos
estabilizados.
Eleito como presidente Lula,
surpreendeu a muitos quando convidou Henrique Meirelles, eleito deputado
federal pelo PSDB, para ser o presidente do Banco Cent4ral e dirigente máximo
da equipe econômica. A posição de Meirelles foi ortodoxa. Optou por fazer um
colchão de reservas internacionais, mediante intervenção do BC, mais comprando
do que vendendo divisas. Como resultado de oito anos da era Lula, as reservas
chegaram hoje a cerca de US$370 bilhões. Este colchão tem permitido ao Brasil a
não sofrer nenhum ataque especulativo ao real, visto que tem dólares para pagar
eventuais saldos negativos. Manteve Meirelles, altas taxas de juros, o que
atraíram capitais estrangeiros. Nos primeiros anos da era Lula, liquidou-se o
empréstimo de liquidez do FMI e se passou a reduzir, paulatinamente, a dívida
externa, levando, em contrapartida, à elevação da dívida interna. Portanto, a
dívida interna de hoje é por volta de 5% da dívida pública total, não havendo
possibilidade de ataque especulativo monetário. Dessa forma, moeda forte, em
consequência, aparelho produtivo forte, principalmente quando, na primeira
década do século XXI, o País contou com as grandes elevações dos preços das
matérias primas. Divisas não faltaram. Ataque ao real nunca houve.
Os gestores republicanos não
tinham feito isto ainda porque os encargos financeiros da dívida externa sempre
foram bem menores do que os da dívida interna. Claro, uma operação mais barata,
mas sujeita a sucessivos defaults que houve na história nacional. Porém, nem
tudo são flores, dado que a dívida pública, sendo 95% regida pela alta taxa
básica de juros (a SELIC), têm engessado o orçamento público federal todos
estes 12 anos. Cerca de metade do orçamento está comprometida com o pagamento
de juros e rolagem de principal.
A dívida pública brasileira correspondeu em
março a R$2.441 trilhões. A dívida pública federal externa correspondeu em
março a R$124,72 bilhões (5,11% da primeira) ou US$39,25 bilhões. Considerando
o PIB de R$5,52 trilhões, a dívida pública brasileira, esta que foi divulgada
anteontem pelo Banco Central, corresponde a 44% do PIB. Logo, ela é dívida
líquida. Isto é, dívida bruta menos reservas externas. Se fosse considerada a
dívida bruta, esta seria de 63%. São os 63% do que devem realmente o governo
federal, tanto ao público interno como externo que as agências internacionais de
risco consideram muito elevados.
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