23/04/2015 - BALANÇO AUDITADO DA PETROBRAS
No ano de 2014 a Petrobras
ingressou em inferno astral, sendo notícia diária de cunho negativo, persistindo
até ontem como uma caixa preta, que tem muito contribuído para o Brasil
ingressar em recessão e ser ameaçado de perder o grau de investimento, a duras
penas conquistado em 2008. A situação ficou internacionalmente conhecida e
objeto de ações judiciais de seus acionistas, quando a auditoria Price Waterhouse
Coopers se negou a assinar seu balanço trimestral de setembro passado, que não
incluía os prejuízos relativos aos desvios de recursos da estatal, investigados
pela Polícia Federal na operação Lava-Jato. Contratos fraudulentos parecem que
sempre existiram na empresa. Porém, não sob a forma de clube de ganhadores, isto
é, formação de cartel (reunião secreta de grandes empresas, formalmente
constituída), cujos vários diretores estão presos desde novembro do ano passado,
na Polícia Federal de Curitiba. O cartel começou a operar em 2004, quando foi
nomeado por Lula, o ex-diretor de abastecimento, Paulo Roberto Costa (indicação
do PP), já condenado ontem a sete anos de prisão. Na cota do PT, foi nomeado
Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, ainda não julgado, segundo
indicação de José Dirceu, Chefe da Casa Civil, na época. O maior impacto da
citada operação, de vez, refere-se às delações premiadas no referido escândalo da
Lava-Jato de Pedro Barusco, gerente da área de Renato Duque na Petrobras até
2011, tendo revelado que repassou de US$150 milhões a US$200 milhões, em mais
de dez anos ao PT, entregues ao seu diretor financeiro, João Vaccari Neto,
atualmente preso. A operação Lava-Jato já passou por 12 fases e não tem
previsão de logo findar.
Ontem, após 159 dias da recusa da
citada auditoria, ela assinou os balanços da estatal, verificando lançamentos
de perdas de R$6,194 bilhões com corrupção, relativos a 3% de propinas ao PT,
PMDB e PP, reconhecidos nas denúncias da operação Lava-Jato. Mais R$44,345
bilhões de reavaliações de ativos, que amenizaram para prejuízos de R$21,587
bilhões em 2014, perante lucro de R$23,4 bilhões em 2013. As vendas da estatal
atingiram R$337,26 bilhões, alta de 11% em relação a 2013. No entanto, o
endividamento da companhia atingiu R$351 bilhões, elevação de 31% em relação ao
ano passado. A propósito, o indicador de dívida líquida sobre geração de caixa se
elevou de 3,52 para 4,77, quando o indicador saudável seria de 2,5. A dívida da
Petrobras cresceu pela necessidade de novos empréstimos e da desvalorização do
real. É a maior dívida de uma empresa mundial. O adiamento de projetos de
refino na COMPERJ levou a prejuízos de R$21,8 bilhões e, na refinaria de Abreu
Lima, de perdas de R$9,1 bilhões, além de reconhecimento de prejuízos de R$3
bilhões na Petroquímica de Suape, ambas em Pernambuco. Tais perdas com os prejuízos de balanço
ultrapassam a mais de R$50 bilhões. Nem tudo foi negativo na estatal, visto que
a produção do ano passado cresceu 5%. Além do mais, as repercussões dos
balanços auditados repercutiram bem na comunidade internacional, no sentido de
que a empresa reconheceu em balanços os crimes cometidos. Nem todos, visto que as
refinarias do Maranhão e do Ceará foram abandonadas, cujos gastos cumpriram
mais de R$4 bilhões. Enfim, espera-se que nova etapa de reconstrução da estatal
passe a registrar os contratos na forma da lei e de que os abusos sirvam de
exemplo. Mas, não somente para ela, para também outras estatais, denunciadas pela
grande imprensa, pelo menos, desde 2003, tais como: CORREIOS, IRB-BRASIL-RE, BANCO DO BRASIL,
INFRAERO, CAIXA, ELETRONORTE, e ELETRONUCLEAR.
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