22/07/2013 - CUSTO PARLAMENTAR
Um deputado federal em 1986
recebia vencimentos de 25 mil cruzeiros, o equivalente a 33 salários mínimos, o
que não era pouco, dispunha de três ou quatro assessores, recebia pequena ajuda
de custo para pagar as contas do gabinete, quando não era agraciado com
apartamento funcional, percebia cerca de R$2 mil para auxílio moradia. Quase
todos fixavam residência em Brasília. Ganhavam quatro passagens área de ida e
volta durante o ano, mas o bilhete era reembolsado após a viagem do
parlamentar. Na Nova República, democracia instalada, os deputados passaram a
ter prerrogativas de definir suas vantagens salariais.
Dessa forma, centenas de atos da
mesa da Câmara foram editados em benesses, nestes últimos trinta anos. Hoje o
custo de um deputado federal é de R$138 mil, equivalentes a 203 salários
mínimos. A decomposição do referido valor denota que a maior parte dos seus
vencimentos não paga imposto de renda, tal como R$78 mil para contratar até 25
assessores, escolha livre, sem vinculação com a área de recursos humanos da
Câmara. A cota parlamentar varia de R$25 mil a R$38 mil para gastos com
material de escritório, contas de restaurantes, gasolina e passagens aéreas.
Auxílio moradia de R$3,8 mil para aqueles que não têm apartamentos funcionais.
Manter cada apartamento custa à Câmara R$2,2 mil mensais, para higienização de
cortinas e jardinagem das áreas externas. Existem 432 apartamentos da espécie,
de alto luxo, tendo cada unidade 240 metros quadrados. O ressarcimento das
despesas médicas é ilimitado, mediante apresentação de notas fiscais. Tem carro
oficial à disposição, usam aviões da FAB e helicópteros. As benesses não tem
fim. Sempre pensando em criar mais. Percebiam o 14º e o 15º salários, escândalo
que foi por eles mesmos derrubados. Porém, ao caírem, eles logo elevaram o
auxílio moradia e despesas médicas sem limite, conforme já referidos.
Recentemente, oficializaram que
somente trabalhariam terça, quarta e quinta feiras. O ex-presidente Lula,
quando parlamentar, teria declarado que na Câmara existiam mais de 300
picaretas. O fato é que grande parte dos deputados sofrem processos na Justiça
Comum. Têm foro privilegiado e somente podem ser julgados pelo Supremo Tribunal
Federal (STF), que está abarrotado de processos e lentamente faz julgamentos.
Há poucos dias o STF mandou prender um deputado federal, o primeiro caso, desde
a Nova República.
O mais escandaloso é que os
senadores percebem vantagens ainda maiores do que os deputados.
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