23/04/2013 - EXTENSÃO DA SECA
O desmatamento da mata atlântica,
a partir do descobrimento (1.500), obedeceu aos ciclos econômicos, quando,
primeiro, esgotaram-se as reservas de pau Brasil; segundo, a cana de açúcar;
terceiro, a mineração de aluvião; quarto, a pecuária extensiva. Dessa forma,
dos 100% dos anos de 1.500 sobraram hoje cerca de 10% da mata atlântica. Assim,
as secas foram se tornando cada vez mais fortes. Em 1877 Dom Pedro II disse que venderia até a
última joia da coroa para combater a seca. Não vendeu. Em 1970, o presidente
Médici chorou, ao visualizar a maior seca dos últimos 43 anos, dizendo que “a
economia vai bem; mas o povo vai mal”. Não redistribuiu renda em favor dos mais
necessitados. A história registra uma série de ações desastradas, desde a
burocracia, à corrupção e à incompetência.
A seca de 2012-2013, que ainda
não terminou, atinge 12 milhões de brasileiros, em 1.415 municípios
nordestinos. Enquanto isto, mais uma vez o dinheiro se esvai pelo ralo. 1º
Transposição do São Francisco. O custo da obra saltou de R$4,5 bilhões do
projeto inicial, para R$8,4 bilhões, em 2013. Até o momento os canais que
redistribuiriam as águas para os municípios castigados pela seca não estão
prontos. 2º Cisternas. O Ministério da Integração disseminou um sem número de
cisternas de material plástico e elas estão com inúmeros problemas. 3º Carros-pipa.
Sem cisternas, sem transposição das águas do rio São Francisco, os carros-pipa
são a regressão ao século passado. 4º Barragens. Soluções também do passado, as
barragens estão pela região. Porém, a edificação de estruturas para o acúmulo
de água se transformou em um dos principais sistemas de corrupção, visto que a grande
maioria das obras é feita em regime emergencial, com dispensa de licitação.
A ironia é que, todos os anos, o
governo federal coloca cerca de R$9 bilhões em orçamento em termos de moeda
atual. Porém, os municípios e estados da região não fazem projetos competentes,
sendo a maioria do dinheiro retida. Quer dizer, a colaboração do governo
federal tem ficado na história como figura de discurso.
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