06/04/2013 - INFLAÇÃO NA MESA


No ano passado, a inflação na mesa, isto é, a dos alimentos, puxou o índice para acima de 6%, porque ela foi maior do que 10%. A explicação de 2012 foi a seca que atingiu os Estados Unidos e ao Nordeste do Brasil. Lá a seca acabou, aqui ela se intensificou. Logo, a inflação de três meses de 2013, quando comparada com o início de 2012, ultrapassa 20%, em média, de produtos escolhidos, sendo dez os campeões. Em primeiro lugar, o feijão mulatinho, alta de 300%. Seguem-lhe farinha, 180%; tomate, 133%; batata inglesa, 100%; abacaxi, 100%; banana, 75%; maracujá, 71%; ovo caipira, 28%; carne de carneiro, 25%; galinha caipira, 10,5%. No dia 8 de março, um mês atrás, a presidente Dilma anunciou a redução a zero do PIS-COFINS, de carne bovina, suína, aves, peixes, ovinos, caprinos, café, óleo, manteiga, açúcar, mais alguns produtos de higiene, na esperança de que os preços descessem. Mas, até hoje não aconteceu. Pelo contrário, para alguns deles. O IBGE é o responsável pelo cálculo da inflação oficial, o Índice de Preços ao Consumidor no Atacado (IPCA), que pesquisa cerca de 460 produtos. Logo, os efeitos dos alimentos são diluídos. No entanto, está pesando muito nele e a inflação está a cada mês escapando do controle do governo. Em declarações na televisão semana passada, Globonews, o ministro da Fazenda já admitiu que o Banco Central poderia subir a taxa SELIC, para segurar a inflação. O problema da inflação na mesa é que a seca atual do Nordeste é a maior em cinquenta anos. Segundo economista da Fundação Getúlio Vargas, André Braz, os impactos desta seca serão sentidos por mais de uma década. Mesmo com a presidente Dilma ter reunido governadores nordestinos no início da semana, afirmando ações de assistência no valor de R$8 bilhões, deixou os governadores insatisfeitos porque as necessidades de séculos são de obras estruturais, de planejamento de longo prazo. Mas, os governos federais de quase sempre, para a região somente fazem planos dc curto prazo.

É geral a falta de planejamento estrutural. Os espetáculos tenebrosos dos gargalos agora mesmo estão se refletindo na região Centro Oeste. A safra recorde de grãos não pode ser escoada com eficiência por ter um caos no porto de Santos, filas imensas de caminhões, atrasos de muitos dias, ao ponto da China cancelar contratos que poderão dar prejuízos de mais de um bilhão de dólares. Por outro lado, a capacidade de estocagem brasileira é de 149 milhões de grãos e a safra é de 184 milhões, déficit de quase 20%. Por que não se planeja direito¿ O governo financia a safra e não tem como armazenar. É o mesmo folclore de muitos pontos de estrangulamento. Somente para citar aqui lugar comum, a comparação com os Estados Unidos revela que a capacidade de estocagem de grãos de lá é de 540 milhões e a safra deles foi de 430 milhões.



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