09/04/2013 - BATALHA DOS JUROS


Após o primeiro mandato de FHC (1995-1998) a equipe econômica adotou a política de meta de inflação, em razão de que somente o controle, através do sistema de bandas cambiais, mais a formação do superávit primário, não estavam trazendo resultados esperados, política essa desde 1999 até hoje. Isto é, o modelo funciona com o Conselho Monetário Nacional, definindo anualmente quais são os limites toleráveis da inflação, visto um centro da meta, hoje de 4,5%, mediante viés de baixa de 2% (o que não tem acontecido desde a fixação de 4,5%) ou viés de alta de 2% (o ocorrido nos últimos cinco anos). A política monetária de meta de inflação vem sendo bem sucedida em pelos menos vinte países, inclusive o Brasil. O receituário ortodoxo é de usar a taxa de juros para cima, quando a inflação se ínsua alta ou, para baixo, quando a inflação cai. A dosagem da manutenção ou alteração da referida taxa é avaliado no Brasil, em reuniões de dois dias, de cada 45 dias, pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central (BC). Uma semana depois da reunião é feita uma ata que retrata o ocorrido na mais alta cúpula econômica do BC. O presidente Lula nunca interferiu nessas reuniões, presididas por Henrique Meirelles, que ficou oito anos no governo e a inflação permaneceu sobre controle, sendo acreditado tanto pelos investidores nacionais como internacionais. A presidente Dilma, não, mandou um recado para os banqueiros praticarem juros mais baixos, ao tempo em que o BC reduziu cerca de 5% da taxa básica de juros, em um ano. A desconfiança dos financiadores começou então aí e contaminou a esfera produtiva, visto que os empresários também possuem parte de recursos flutuando no mercado financeiro, fazendo os capitalistas recuarem em suas decisões de investimentos.

O raciocínio dos capitalistas é dentro da rigorosa lógica ortodoxa da tríade das políticas econômicas, monetária, cambial e fiscal, unidas, que, se a presidente veladamente mandou o BC baixar juros, ela rompeu com o principio de não interferência na política econômica monetária ortodoxa. Ademais, também está a presidente mexendo na política fiscal, concedendo incentivos fiscais ao invés de fazer a reforma tributária, além de ter ampliado os gastos públicos (também criando mais o 39º ministério). Somente a política cambial é que está eminentemente ortodoxa, com câmbio flutuante.

Os resultados preliminares da inflação estão a indicar que pode ultrapassar os 6,5%. Por isso, a próxima reunião do COPOM, prevista para 16-17 de abril, poderá apresentar surpresas, com a elevação pequena da taxa de juros, seguindo o receituário ortodoxo, ou manter a taxa em 7,25% anuais, seguindo o pensamento de Dilma. Se acontecer a primeira hipótese, ficará a ideia de um BC independente. Se não, cairá a máscara da face. Parece que, para a maioria dos capitalistas, a primeira hipótese é mais adequada. Se ocorrer a segunda hipótese, a desconfiança continuará.

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