21/10/2012 - EDUCAÇÃO E IDEOLOGIA




Educação não é assunto que se esgota enquanto não for prioridade. Espera-se que, agora aprovado pela Câmara, indo ao Senado, a verba de 10% sobre o PIB seja realmente eficiente. O doutor em economia pela USP, Samuel Pessoa, em entrevista à revista Época, de 03-09-2012, cujas certas ideias econômicas foram aqui referidas ontem, agora serão somadas às questões da economia com a ideologia. Depois de citar que talvez o economista mais brilhante brasileiro, Celso Furtado, em 50 anos de vida pública não tratou da educação como causa do desenvolvimento. Acrescente-se ao fato de que outros notáveis economistas de esquerda sempre procuraram um mecanismo de exploração, como a má distribuição de renda, como fator de subdesenvolvimento, citou ele o livro famoso de 1974, “A controvérsia sobre distribuição de renda no Brasil”, prefácio de Fernando Henrique Cardoso, capítulos de Maria da Conceição Tavares, José Serra, Pedro Malan, Edmar Bacha, na época de partidos de esquerda, não se viu a educação ocupar a explicação principal do atraso brasileiro e sim a má distribuição de renda. Ainda agora insiste o governo com programas assistencialistas, que melhoram a renda, mas não permitem dar o salto de qualidade, que só com a melhoria substancial da educação acontecerá. 

Pessoa, então, assim se referiu: “A única pessoa que percebeu o problema lá atrás, foi um economista liberal, Eugênio Gudin. Nos poucos textos que ele escreveu sobre desenvolvimento, enfatizava a educação. Foi um cara meio visionário”.  ... “Percebi que economista de direita é que se preocupa com educação. Isso vem desde o Carlos Langoni. Era um conservador, ligado a ditadura, que nos 1970 ficou batendo na tecla da educação. Ele foi detonado pela esquerda brasileira”. ... “Ele só foi recuperado nos anos 1990 por Ricardo Paes de Barros (economista, secretário de Ações Estratégicas do governo Dilma). Desde os 1950, temos essa coisa engraçada: economista de direita defende a educação, economista de esquerda defende a indústria. É como na frase de Joãozinho Trinta: quem gosta de indústria e chão de fábrica é intelectual. O salário médio no setor de serviços é igual ao da indústria. O trabalho no setor de serviços é muito mais agradável, leve, urbano, com horário flexível”. ... “Como a esquerda no Brasil tem essa visão de mundo, ela tem um programa econômico muito ligado aos interesses empresariais”. ... “Reconheço que no governo Lula houve um esforço para melhorar a educação e que a passagem de Fernando Haddad pelo Ministério da Educação foi positiva. Ele recuperou uma série de coisas que Paulo Renato (Ministro da Educação no governo FHC) havia feito e que a primeira gestão de Lula tinha destruído”. Samuel Pessoa diagnostica com propriedade que a educação nunca foi prioritária na história brasileira, não obstante os avanços (lentos) que existiram desde a estabilização econômica, a partir de 1994. Ele elogia tanto os governos do PSDB e do PT, em seus lentos avanços. Claro, todos os dois partidos são conservadores no exercício do poder. Enquanto forem assim, não terão uma postura reformista para a educação, que é olhar a educação para dentro, para os seus próprios problemas, os quais já foram prometidos, mas não cumpridos, tais como creches, educação em tempo integral para o ensino fundamental e o ensino médio, melhor qualificação dos professores e maiores gratificações pelo aumento da produtividade educacional. Em resumo, melhores notas nacionais e internacionais e não aquelas de ambas as partes, que reprovam o atual sistema educacional.

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