20/10/2012 -EDUCAÇÃO NEGLIGENCIADA




O assunto mais recorrente neste blog diário, deste 01-01-2007, é a educação, isto porque esta tem sido negligenciada em todo o curso da história brasileira. Brilhantes educadores já apontaram vários caminhos para a verdadeira reforma educacional. As maiores contribuições começaram a partir dos anos de 1930, quando o Brasil rompeu as amarras da economia primário-exportadora (1500-1930), cujo aparelho produtivo era fincado na economia rural, em detrimento da economia urbana. Não bastasse a colonização (1500-1822), que proibiu a indústria brasileira (Tratado de Methuen, de 1703), o Império (1822-1889) e a República Velha (1889-1930) colocou o Brasil pelo menos 100 anos atrasado em relação aos países desenvolvidos. Não obstante os esforços (muito insuficientes) da Ditadura Getulista (1930-1945), a educação brasileira pouco prosperava. O economista Samuel Pessoa, em entrevista à revista Época, de 03-09-2012, assim se referiu: “Dos anos 1930 aos anos 1950, gastávamos em educação 1,5% do PIB. Hoje os gastos estão em 5% e um monte de gente acha pouco. Além de gastar só 1,5% do PIB, um terço era para a universidade. Se você abrir o gasto por aluno, foi escandaloso. Com cada aluno do ensino fundamental, gastávamos 10% do PIB per capita. E, com cada aluno do nível superior, gastávamos 70 vezes mais. Aquele ensino secundário que nossos avós lembram como muito bom, em que as pessoas aprendiam bem matemática, latim, francês, só era alcançado pelos ricos. Nos anos 1950, 70% dos alunos de 7 a 14 anos estavam fora da escola. Os pobres ficavam no fundamental. Aonde só os ricos e os muito ricos chegavam, gastávamos um monte de dinheiro. Uma nação nessas condições resolveu construir Brasília e as esquerdas foram para as ruas defender ‘o petróleo é nosso’. Por que as esquerdas não foram defender escola pública e gratuita para todo o mundo¿ Não houve um movimento vindo da esquerda com a mesma força do movimento pelo petróleo. Nosso economista maior do desenvolvimento, Celso Furtado, uma pessoa que passou a vida toda pensando porque o Brasil é subdesenvolvido, escreveu uns 30 livros sobre o tema, mas nunca tratou da educação”...”O caso sul-coreano é o milagre. É a única vez na história em que uma sociedade iletrada dá origem a filhos com ensino secundário de alto nível e netos com educação superior de qualidade. Eles têm até um excesso de preocupação com isso uma ‘education fever’ (febre de educação). Alguns olham para o sucesso econômico da Coréia do Sul e acham que ele é resultado do controle das importações, política industrial, políticas setoriais, ativismo do Estado ... Tudo bem, é possível que essas coisas tenham tido algum papel. Mas, para mim, é claro que a educação teve um papel numa escala de grandeza acima de todas as outras coisas. Mais que as políticas para setores da economia, contaram a capacidade de poupar, não os nossos ridículos 17% do PIB, mas sim 35% do PIB, e a capacidade de ensinar aos filhos. Que nós, brasileiros, cometemos enormes erros de públicas, erros coletivos, da sociedade inteira. Erros dessa natureza têm, em geral, duas explicações. Uma é de economia política. Pela estrutura de poder e pela natureza das barganhas da sociedade nos anos 1950, gastar com educação não era prioridade. O empresário queria subsídio para a indústria, o aristocrata do campo queria o empregado rural numa situação de subserviência e o trabalhador organizado das cidades queria aumento de salário. A educação da massa não entrou na agenda”. O doutor em economia, acima citado, mostrou a prevalência do interesse econômico sobre o interesse social. Amanhã, complementando o raciocínio, o artigo é sobre a questão ideológica. Ou seja, como a economia movimenta os partidos políticos, sem que seja a educação prioritária.

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