11/01/2012 - AGENDA DE CURTO PRAZO


O primeiro ano do governo da presidente Dilma foi o de uma agenda de curto prazo. Ela não fez pacotes, não inventou, não mexeu nos fundamentos da economia. Porém, não cumpriu promessas de campanha, principalmente de fazer as reformas constitucionais. Elevou a carga tributária, sem elevar impostos. Aumentou o IOF. Aumentou IPI sobre automóveis importados. No final do ano reduziu IPI sobre alguns produtos industrializados aqui e diminuiu também o IOF, para beneficiar modestamente a indústria nacional, uma renúncia de R$3 bilhões. Reduziu o crédito em 2011 e promete elevá-lo em 15% em 2012. Elevou juros no primeiro semestre, reduziu no segundo. Pegou a inflação elevada, mas conseguiu reduzi-la um pouco e pretende reduzi-la mais. Elevou o salário mínimo em mais de 14%, o que correspondeu a um incremento de R$64 bilhões. Manteve os programas sociais com gastos de mais de R$2 bilhões. A arrecadação cresceu 17% e o PIB 2,9% (prévia). Medidas tópicas e nada de grande impacto. Sem dúvida, os pacotes de estímulo podem evitar a estagnação econômica, mas não resolvem os dilemas brasileiros. Mesmo assim, um ano só não dá para avaliar os quatro anos que completará o governo.

Terminou o ano com grande popularidade. Entretanto, na política foi empurrada para os resultados apurados de desvios de conduta de sete ministros, para demiti-los. Somente depois ficou de apurar os fatos. Deixou de fora das defenestrações um velho amigo, o Ministro Fernando Pimentel que recebeu muito dinheiro para consultorias, sem se explicar. Também nada apurou sobre escândalos no Ministério das Cidades. Nestes primeiros dias já se defronta com denúncias de favorecimentos oblíquos da pasta da Integração Nacional.

Seria tolo acreditar que 2012 será mais fácil do que 2011. A maior probabilidade é de que a situação econômica internacional ainda se arraste em busca da recuperação. O Brasil continua como um país que cresce cada vez mais o seu potencial devido principalmente ao bônus demográfico. No entanto, é preciso que seja feito um planejamento de longo prazo e reformas de curto prazo, a começar com a reforma política, anunciada para os próximos dias, seguida da reforma educacional, que poderá ser feito pelo provável novo ministro, Aloísio Mercadante, que já anunciou que não terminará sua gestão sem que cada aluno tenha um tablet (não basta somente a inclusão digital), reforma tributária, dentre outras. A esperança no bom senso é o que se coloca à frente da presidente, que, se não foi ousada para definir metas de grande progresso, pelo menos não recuou no que já foi conquistado desde o Plano Real (1994).

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