09/01/2012 - CRESCE O CONSUMO E A INADIMPLÊNCIA
No dia 05 deste o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA) divulgou o Índice de Expectativa das Famílias (IEF), trabalho que consultou 3.810 municípios, de todas as regiões do Brasil, com margem de erro global de 5%. Conforme os resultados gerais da pesquisa o brasileiro está mais endividado e mais otimista com respeito à economia brasileira. De acordo com o trabalho, 43,7% dos entrevistados declararam ter algum tipo de dívida e 36,6% afirmaram que não têm condições de pagar seus débitos. Entretanto, 64,4% dos pesquisados esperam melhores momentos nos próximos doze meses; 78,2% acreditam em situação melhor do que no ano atrás e 86,6% fazem fé numa melhor situação daqui para frente.
A confiança das famílias de melhor futuro faz com que elas gastem mais. Ao comparecer ao mercado consumidor, elas querem saber o valor da parcela a ser paga mensalmente e não se preocupam com os altos juros do empréstimo. Com a estabilização da economia, houve elevação do valor do crédito e facilidades para a sua obtenção. Por seu turno, o governo federal, no intuito de estimular a indústria brasileira, face à elevada concorrência internacional, tem dado incentivos fiscais há mais de três anos para o consumo de eletrodomésticos, eletrônicos, dentre outros segmentos empresariais.
Dados do Banco Central mostram que a caderneta de poupança do ano de 2011 representou 63% do valor captado em 2010. Isto representa um grande saque para o consumo, reduzindo a já combalida taxa global de poupança interna. Evidentemente que isto se reflete nos investimentos. Não sem motivo o governo fez cortes no gasto público de R$50 bilhões no ano passado. Com isso a taxa de poupança e do investimento não alcança patamares desejados acima de 20% do PIB, o que fez a economia crescer em 2011 cerca de 2,9%.
Crescendo o consumo e a inadimplência se está formando uma bolha especulativa que poderá ser estourada, no caso de restrições ao crédito ou medidas fortes de controle da demanda agregada. Muitos comparam esta, indevidamente, à crise da bolha imobiliária americana, que, na verdade, era uma bolha de consumo, semelhantemente à brasileira, mas esta muito menor do que aquela. A daqui está longe de atingir as proporções da de lá. Mas, o modelo econômico não pode persistir na crença de que a elevação do consumo possa puxar a produção, sem que sejam criados mecanismos de poupança interna, a partir de uma educação financeira que leve o cidadão saber realmente poupar.
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