18/06/2019 - RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA ODEBRECHT
A recuperação judicial é a figura do direito que permite à
empresa confessar dívidas e propor pagamentos reescalonados no longuíssimo
prazo, de acordo com a recuperação produtiva do grupo de empresas pleiteante. Até
então o maior pedido da espécie foi o do grupo Oi de telecomunicações, que
chegou a R$65 bilhões. A Oi está recuperada e lançou até ações no mercado de
bolsa de valores. Não é o que na grande maioria das vezes ocorre, quando as
empresas realizam suas liquidações. A maior proposta de recuperação judicial
deu entrada ontem na Justiça de São Paulo, visando solucionar R$98 bilhões de
débitos. Trata-se de um grande número de empresas do grupo Odebrecht, o qual já
teve cerca de 300 empresas e foi o maior privado do País.
Fundada em 1944, o grupo Odebrecht se iniciou na construção
civil e fez verdadeira integração, tanto horizontal, no mesmo segmento e em
correlatos, como vertical, em outros segmentos, tanto do setor primário como do
setor secundário. No processo de recuperação judicial 15 empresas do grupo
estão envolvidas. Chegou o grupo a faturar, no seu melhor ano, R$132 bilhões e
empregar diretamente 193 mil pessoas. Identificado como o maior pivô da
operação Lava Jato, descobriu-se que a Odebrecht participava e liderava um
cartel de 29 grandes empreiteiras, provocando corrupção sistêmica em centenas
de grandes obras nacionais, tanto no âmbito do PAC, como do setor elétrico e do
sistema Petrobras. Ocorre que referido grupo também é multinacional, atuando em
22 países. A Organização Odebrecht foi desidratada, fazendo acordo de
leniência, tendo 72 diretores fazendo delação premiada, seu presidente, preso e
aguardando condenação, que também fez acordo de delação premiada, diminuindo de
tamanho e hoje emprega 48 mil empregados diretos. Envolveu centenas de
políticos, de funcionários públicos e até envolveu o ex-presidente Lula, financiando
suas campanhas e/ou lhes dando propinas, em todos os níveis de poder,
Executivo, Legislativo e Judiciário.
Dirigindo-se ao público: “Tanto as empresas operacionais como
as auxiliares e a própria Odebrecht S/A continuam mantendo normalmente suas
atividades, focadas no objetivo comum de assegurar estabilidade financeira e
crescimento sustentável, preservando assim sua função social de garantir e
gerar postos de trabalho”.
Qual a repercussão da Odebrecht no PIB? Sem dúvida, a sua
desidratação e revelação de um esquema de corrupção, punido, para exemplar, fez
com que o PIB brasileiro caísse, fosse ao chão (2014), ao subsolo (2015 e 2016),
emergisse (2017 até parte de 2019) e que reluta para voltar a crescer
condignamente. Somente no nível de emprego da área do conglomerado a sua
participação hoje é de no máximo de 25% daquela que foi no seu melhor ano
(2013).
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