06/06/2019 - CAMINHO DAS PEDRAS




A economia brasileira está à procura do “caminho das pedras”, dito popular de procurar um caminho seguro. No caso do aparelho produtivo uma economia crescente e sustentável, em busca do desenvolvimento econômico. Nos países desenvolvidos, claramente, as empresas gigantes são negociadas em bolsa de valores, estando sempre fazendo lançamentos de ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) e ofertas subsequentes de ações (follow-ons, terminologia em inglês). Neles, milhares de conglomerados lançam frequentemente novas ações. Aqui, a bolsa de valores não passa de algumas dezenas de grandes empresas.

Este ano de 2019 era aguardado com grande esperança de abertura de capital de novas empresas e lançamentos de novos blocos de ações. A bolsa brasileira, chamada de B3, aguardava, no início do ano, cerca de 30 novas operações, cujo volume estimado seria de capitalização de R$40 bilhões. Seria um recorde desde 2007, quando 76 empresas foram à bolsa de valores de São Paulo. Naquele ano, iniciava-se o segundo mandato do ex-presidente Lula, que foi mais ortodoxo do que FHC na condução da economia, no seu primeiro mandato. Ou seja, de 1994 a 2006, foram 13 anos, em que se consolidaram as boas políticas monetária, cambial e fiscal, ortodoxas, compondo o chamado tripé da economia nacional, composto de meta de inflação, câmbio flutuante e superávit primário, cumpridos. Em 2007, o Brasil lançava o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a Petrobras alcançava praticamente a autossuficiência. No ano seguinte, a revista londrina, de mais de dois séculos, anunciava, em primeira página, que o Brasil decolava (Brazil, take off), com o Cristo Redentor subindo como um foguete. Naquele ano, a economia brasileira cresceu 6,1%. Uma ótima taxa de crescimento, somente comparável ao crescimento chinês ou indiano dos últimos anos.

O ano de 2019 começou dentro da expectativa prevista pelos investidores, de reeditar uma decolagem, com alta de 10% na bolsa de valores, em janeiro e fora encaminhada a reforma da Previdência ao Congresso Nacional. Porém, aos poucos os investidores ficaram desalentados com a demora do governo federal de lançar uma agenda de crescimento, batendo cabeças nas relações entre o Executivo e o Legislativo. As previsões do PIB em janeiro se aproximavam de 3%. No entanto, depois de cinco meses de frustrações, a expectativa do mercado de hoje é de crescimento de 1% do PIB, quando não menos. Há todo um esforço de aprovar na Comissão Especial da Câmara o anteprojeto de emenda constitucional da Previdência, ainda neste mês, sendo levada ao plenário, depois remetido ao Senado, cujas perspectivas são de que seja aprovado, nas duas Casas, até setembro, depois sancionada. Portanto, neste ano o máximo que se conseguirá é deixar a economia estagnada e somente voltar a crescer com o retorno da confiança de empresários e consumidores, a partir de 2020.

Claramente, são os grandes investidores que seguirão o “caminho das pedras” e cabe ao governo fazer a infraestrutura para isto.

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