24/05/2019  - FALÁCIA DA COMPOSIÇÃO




Em teoria econômica costuma-se dizer que o que vale para a microeconomia, necessariamente, não vale para a macroeconomia. Ou seja, o que vale para a parte não vale para o todo. Ou, ainda, o que vale para a árvore não vale para a floresta. As leis econômicas são bastante específicas para a microeconomia e para a macroeconomia. Embora sejam teorias, tendo o sentido afirmativo, para auxiliarem a política econômica, de sentido normativo, que é prática, as leis que devem ser usadas para o Brasil são as macroeconômicas.

A esse respeito, lendo a coluna quinzenal da professora da USP, Laura Cardoso, de ontem, na Folha de São Paulo, intitulada “A economia espera sentada”. Ela cita a falácia atual da composição da nova equipe econômica: “Nesse tipo de crise, prevalece uma falácia da composição: consumidores e firmas cortam seus gastos, visando reduzir suas dívidas passadas e tornar seus balanços mais saudáveis, mas acabam com isso causando um efeito agregado de redução do produto, da renda e do emprego, o que contribui para fragilizar ainda mais a situação financeira atual”. É correto, mas o raciocínio é mecanicista.  Voltando ao início do referido artigo: “A queda brutal das projeções de crescimento e as evidências de uma nova recessão no primeiro trimestre de 2019 trouxeram à tona o círculo vicioso causado pela insuficiência da demanda na economia brasileira”.

A referida professora é simpática à heterodoxia, não acreditando que a economia liberal possa desatar o nó da estagnação atual (e não recessão como ela admite), por afirmar que o investimento não é o principal indutor, e sim, os gastos do governo e do consumo. Claro que a demanda agregada cria a oferta agregada. Claro que o ambiente não transparece uma retomada neste ano.  Porém, o mercado aposta que virá em 2020. Claro que a reforma da Previdência só não basta. Entretanto, em um lampejo, quer dizer, uma “surpresa”, a retomada poderá ser dada.  No próprio caderno de economia que a professora escreve, na página 19, o repórter assim aduz: “Jair Bolsonaro informou nesta quarta (22), que enviará ao Poder Legislativo projeto de lei que gerará receita para a máquina pública superior à prevista com a reforma da previdência”. Será a privatização dos “peixes grandes” a que o Ministro da Economia, Paulo Guedes, referiu-se? Tem Bolsonaro a “bala de prata”, a que aduziu Collor, a qual não funcionou, mas funcionou com Lula, com a “carta aos brasileiros”, na qual prometeu e fez respeitar contratos? Os investidores acreditaram e investiram mais, Ora, no conjunto de problemas, o governo tem que fazer o ajuste fiscal, que vem sendo tentado desde 2015. Tendo superávit primário, sobrarão recursos pra a infraestrutura e é ela que precede, em tese, as novas inversões.

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