28/06/2017 - CONTA CORRENTE EXTERNA




Há duas contas correntes: a interna, em moeda nacional; a externa, em moeda estrangeira. A primeira, desde 2014, apresenta déficit primário, após 18 anos de superávit consecutivo, o que levou ao ajuste fiscal e a recessão prolongada por quase três anos seguidos. A segunda, desde 1822, tem sido deficitária, visto que o balanço de pagamentos internacional do Brasil já nasceu desfavorável, quando o País assumiu a dívida de Portugal com a Inglaterra e teve de pagar a ela os gastos com as guerras da independência. A dívida externa ficou sendo forte ameaça até o Plano Real. Depois, ela foi diminuindo, sendo trocada paulatinamente por dívida interna, sendo hoje cerca de 10% da dívida pública. Voltando à conta corrente interna, em várias oportunidades aqui se tem mencionado o déficit primário de 2014, de 2015, de 2016, do previsto para 2017 e até o projetado para 2018. O dinheiro nacional para fechar o orçamento público tem sido difícil de obter, na medida em que a arrecadação caiu com o forte processo recessivo. A sua redução tem sido conseguida à duras penas, haja vista que os empresários recolheram suas expansões produtivas e desempregaram bastante, implicando em grande capacidade ociosa. Exigem do governo que realize as reformas tributária, trabalhista e previdenciária, repousando recursos em dívida pública,  para voltarem a investir, principalmente o grande capital. O fato é que se vislumbra para os próximos anos o equilíbrio fiscal, que está sendo construído de forma cara para a população. Mas, o País crescendo lentamente.

Até o século passado, a conta corrente externa era um vexame só. Devido aos altos déficits dela era preciso captar muito dinheiro externo ou recorrer ao FMI, para fechar o seu balanço. Neste século, a balança comercial brasileira ficou cada vez mais favorável isto porque o País voltou a ser grande exportador de commodities, a despeito de perder posições conquistadas de manufaturados. Ademais, o boom de commodities da primeira década, queda delas e certa recuperação tem permitido ao Brasil acumular reservas internacionais. Estas têm sido acrescidas por capitais externos que advém ao País, atraídos pela elevada taxa real de juros praticados. Dessa maneira, foi-se fazendo um colchão de reservas, hoje, por volta de US$380 bilhões, que inviabiliza um ataque externo imediato ou de curto prazo. Isto não permite que dólar dispare e a situação externa brasileira é de calmaria, muito embora seja um país bastante fechado em trocas internacionais.

Assim, a conta corrente externa em 2014 ficou deficitária em US$104 bilhões, próximo de 5% do PIB. Nestes três anos, o desempenho forte do agronegócio levou a vários saldos comerciais positivos. Ao longo de 12 meses o saldo negativo em conta corrente externa se reduziu para US$18 bilhões, próximo de 1% do PIB.

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