24/06/2017 - DESTRAVAR OS INVESTIMENTOS
Na década passada, o modelo
econômico, definido por PIB = C + I + G + X – M, onde a demanda agregada é dada
pelo consumo das famílias (C), investimento das empresas (I), exportações (X)
menos importações (M), a qual deve ser atendida pela oferta agregada, que é o
PIB, obtendo-se o desejável crescimento, vez que o consumo das famílias foi
puxado pelo crédito farto (consignado, imobiliário, ao consumo), o desatamento
dos gastos do governo, principalmente em obras públicas e o avanço das
inversões das empresas estatais, os quais, ambos (C e G) se utilizaram de ampla
capacidade ociosa das empresas e estas adicionaram novos investimentos na
economia. Como o consumo das famílias é de 65% do PIB, principalmente este
puxou a taxa de incremento do PIB, em média, próxima de 4% ao ano.
Referido modelo então se esgotou
puxado pelo consumo. No entanto, a presidente Dilma, dentre outros erros,
continuou incentivando mais ainda ele, turbinando os gastos públicos e elevou a
dívida pública em R$500 bilhões, para capitalizar o BNDES, que continuaria
financiando as grandes empresas, notadamente as escolhidas, chamadas de campeãs
nacionais. No último ano do seu segundo mandato (2014), o Brasil obteve déficit
primário, depois de 18 anos de superávits, advindos principalmente da
estabilização do Plano Real. O consumo caiu; o gasto público caiu; o
investimento não resistiu e também caiu. O setor externo continuou com pequenos
superávits, incapazes de neutralizar a recessão que se iniciou no segundo
trimestre de 2014 e permaneceu até o final de 2016, quase três anos de forte
recessão. A maior delas em mais de cem anos de estatísticas construídas pelo
IBGE.
Conforme consta da revista Exame
desta quinzena, citando a consultoria GO, a variação anual do investimento de
2010, mais projeções de 2017 e 2018 são as seguintes: em 2010, a variação anual
do investimento das empresas foi de 17,9%, o PIB cresceu 7,5%; em 2011, o
investimento foi de - 6,8%, o PIB cresceu menos, mas cresceu; em 2012 se
reduziu o investimento em - 0,8%, o produto ainda subiu; em 2013 a inversão aumentou
para 5,8%, o produto se elevou; em 2014 o investimento foi de – 4,2%, PIB
estagnou-se; em 2015, inversões de – 13,9%, produto foi de – 3,8%; em 2016,
inversões de – 10,2%, PIB de – 3,6%; a previsão de 2017, investimento de –
0,6%, PIB praticamente estagnado; a previsão de 2018, o investimento poderá
crescer 5,5% e o PIB poderá subir de mais de 2%. Dessa forma, esta década está
se considerando praticamente “perdida”, parecida com a década de 1980, quando
PIB decenal praticamente não cresceu e houve infelicidade econômica.
O governo atual não teve
condições políticas de lançar um plano econômico, embaraçado em que está. No
entanto, vem-se empenhando em fazer algumas reformas estruturais,
microeconômicas e parcerias público-privadas. Porém, sem dúvida, não pode
desconhecer que o investimento empresarial é o motor para a retomada do
crescimento.
Comentários
Postar um comentário